Tabela com projeções aqui
Nesta semana, foi divulgada a inflação ao consumidor dos Estados Unidos. Na margem a variação foi de 0,3% totalizando 8,3% em 12 meses, enquanto o núcleo, que exclui alimentos e energia variou 0,6% no mês acumulando 6,2% em 12 meses.
Ainda que tenha havido surpresas altistas na margem, foi concentrada em poucos itens, como passagens aéreas. Para além disso, a preocupação mais notável é em torno de itens mais inerciais como os relacionados a habitação que segue com forte pressão e sinais de persistência para os próximos meses.
Neste sentido, mesmo que não haja novos choques de preços, a trajetória inflacionária deve seguir sendo alimentada pelo aquecimento do mercado de trabalho que permanece com dinâmica positiva. Desta forma, o cenário prospectivo continua desafiador pela ótica da inflação. Atualmente esperamos que o CPI encerre o ano em 4,5% e 2023 em 2,5%.
Brasil
Atividade Econômica
No Brasil, os dados de atividade mostraram um relevante avanço no ímpeto da recuperação econômica. O avanço dos indicadores da indústria, comércio e serviços foram todos acima do esperado pelo mercado e por nós. Os setores relacionados a bens de consumo foram as principais surpresas, pois era esperado um arrefecimento devido às dificuldades na aquisição de insumos, associado à desorganização das cadeias globais de valor e maior tempo de frente, assim como por pressões e estoques baixos. Porém, essa expectativa foi frustrada devido ao melhor ritmo do mercado de trabalho no final de 2021 e intensificado neste começo de ano, este movimento elevou a massa de rendimento total de economia, dando folego maior ao consumo.
O setor de serviços também mostrou leituras acima do esperado e com trajetória melhor à inferida por nós.
A conjunção de dados de atividade e emprego melhores que o esperado por nós, nos fez revisar nossa expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5% para 1,0% em 2022. Em 2023, no entanto, nossa projeção indica crescimento em ritmo menor de 0,3%, devido principalmente ao freio monetária que se materializará em maior intensidade no próximo ano.
Com a divulgação dos dados de março, nossa expectativa para o crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano é de 0,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. E para o trimestre seguinte, de aproximadamente 0,2%, ambos, porém, possuem viés de alta, assim como nossa projeção para o ano fechado, isso porque as transferências de renda feitas pelo Governo e a liberação do FGTS e antecipação do 13º salário do INSS servirão como impulso extra à atividade econômica em 2022.
Inflação
Na seara inflacionária, o destaque desta semana foi a divulgação do IPCA referente ao mês de abril, que mostrou alta de 1,06%, pouco acima da nossa projeção de 0,95%.
As principais surpresas altistas ocorreram no grupo de Bens Industriais (1,30% ante 0,78% de projeção) e de Serviços (0,65% ante 0,54% de projeção). No primeiro, produtos de higiene, móveis, eletrodomésticos e TVs apresentaram alta mais forte do que prevíamos. Já em Serviços a surpresa ficou por conta de alimentação fora e serviços automotivos que também apresentaram elevação maior do que o esperado.
Por outro lado, alimentação no domicílio apresentou crescimento menor do que esperávamos em função de alta menor em hortaliças, frutas, aves e diversos itens do grupo in natura como tomate e cenoura. Entretanto, a variação total do grupo foi bem alta para o mês (2,59%), refletindo ainda os impactos do clima adverso.
Por fim, embora os preços administrados tenham vindo em linha com o esperado, os remédios apresentaram alta bem mais expressiva de um lado e a gasolina, óleo diesel e energia elétrica vieram mais fracos por outro.
A inflação no acumulado em 12 meses atingiu 12,13% em abril e nossa projeção preliminar para o IPCA de maio é de 0,54%, sugerindo que o pico da inflação tenha pode ter ocorrido em abril. Contudo, diante da enorme defasagem do preço doméstico da gasolina em relação ao preço internacional e da incerteza sobre a realização dos reajustes pela Petrobrás, essa projeção pode variar fortemente.
Para este ano a nossa projeção de inflação avançou de 7,8% para 8,2% e mantivemos em 4,3% para 2023.
Política
Nesta semana foram divulgadas quatro pesquisas. Os levantamentos mostram um comportamento estável para Lula nos cenários de primeiro e segundo turno, enquanto Jair Bolsonaro desacelera na margem, mas ainda segue em crescimento e reduzindo a diferença entre eles. Esse avanço de Bolsonaro ocorreu com a desidratação da terceira via causada pela desistência da candidatura de Sergio Moro à presidência, pelas movimentações no PSDB e pela melhora na percepção do governo, influenciada pelo Auxílio Brasil e melhora da atividade econômica no geral.
No levantamento elaborado pela CNT/MDA, para o cenário estimulado de primeiro turno, o ex-presidente Lula aparece com 41% das intenções de voto, Bolsonaro com 32%, seguido por Ciro Gomes com 7% e João Doria com 3%. Para um cenário de segundo turno, Lula ganha de todos os candidatos. Contra Bolsonaro (de 51% a 37%), a diferença caiu de 18 para 14 p.p. ante a última pesquisa divulgada em fevereiro.
No estudo divulgado pela Genial/Quaest, Lula subiu para 46% e Bolsonaro continua com 31% das intenções no primeiro turno, seguido de Ciro com 9% e Doria com 4%. Para o segundo turno, Lula ganha do presidente de 54% a 34%, diferença de 20 pontos.
Conforme divulgado pelo PoderData, para o primeiro turno, Lula aparece com 42%, Bolsonaro com 35%, Ciro com 5% e Doria com 4%. No embate de segundo turno, Lula ganha de Bolsonaro por 49% a 38%, a diferença entre eles subiu de 9 para 11 pontos, ante última pesquisa.
Na pesquisa divulgada hoje pela XP/Ipespe, Lula continua com 44% das intenções, seguido de Jair Bolsonaro com 32%. Adiante, Ciro aparece com 8% das intenções e João Doria com 3%. Num eventual segundo turno, Lula ganharia de Bolsonaro por 54% a 35% respectivamente. A diferença entre eles diminuiu de 20 para 19 pontos.
Próxima Semana
Para a próxima semana, a agenda será marginalmente esvaziada, com destaque para o índice de atividade econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br) referente a março, mas com incertezas sobre sua divulgação uma vez que funcionários da autarquia estão de greve em busca de reajuste salarial. Nossa projeção, no entanto, é de crescimento de 1,0% na variação mensal e 1,8% na comparação contra igual período do ano anterior.
Para mais indicadores, veja nosso calendário em anexo aqui
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Julio Mello de Barros, economista
julio.barros@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico
antonio.castro@bancodaycoval.com.br
João Pedro Sanches