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Destaques da semana
Nesta semana, os destaques da agenda econômica doméstica foram limitados devido ao feriado de carnaval que reduziu a quantidade de dias úteis disponíveis. No exterior, por outro lado, conhecemos os dados de atividade econômica da indústria e do comércio dos EUA e da Europa, assim como as prévias de fevereiro dos índices de gerentes de compras (PMI).
COVID-19
Nesta sexta-feira (19), a situação da pandemia nas principais economias desenvolvidas mostrou uma melhora significativa. A campanha de imunização continua a avançar e os novos casos de contaminação também arrefeceram de forma significativa nos EUA e Europa após a alta de contágios no final e início deste ano.


A vacinação em massa, continua com ritmo acelerado nos EUA e Reino Unido. No entanto, em outras regiões, ainda há bastante dificuldade, seja por escassez de doses ou por falta de infraestrutura/expertise.

Na média móvel de sete dias, o ritmo atual de vacinação dos EUA, será capaz de cobrir 100% da população até o final de agosto, conforme gráfico acima. Outras regiões, também mostram avanço, mas à exceção de Reino Unido, o ritmo ainda é baixo.

No Brasil, a pandemia segue preocupando. A despeito de um arrefecimento na margem, os números ainda são elevados. A média de mortes nos últimos 7 dias, segue acima de 1000, patamar coincidente que o pior momento da crise sanitária no País, em julho do ano passado.

Neste ambiente, a campanha de vacinação segue sendo monitorada de perto, por ser um importante vetor do controle da pandemia e consequentemente de flexibilização das medidas de restrição que auxiliará na retomada econômica em 2021. Todavia, o País tem enfrentado dificuldade, principalmente, na disponibilização de doses suficientes para a manutenção de um ritmo de vacinação capaz de cobrir boa parte da população até o final deste ano.

No gráfico acima, extrapolando o ritmo dos últimos 7 dias até o final do ano, vacinaríamos próximo de 32% da população. Nossa premissa, principalmente para a continuidade da recuperação econômica, era de um processo de vacinação pouco mais acelerado no primeiro semestre de 202, porém, mesmo com o baixo desemprenho no primeiro trimestre, ainda esperamos que o processo de vacinação avance para patamares mais elevados ao longo dos próximos trimestre.
Exterior
Sobre a atividade econômica no exterior, nesta semana, conhecemos as vendas no varejo dos EUA de janeiro e a produção industrial de dezembro, referente à Zona do Euro e de janeiro, referente aos EUA.
Após um desempenho negativo em dezembro do ano passado, as vendas no varejo americana avançaram 5,3% em janeiro. Desempenho superior ao esperado pelo mercado, que projetava alta de 1,1%. Este movimento ocorre em linha com a retomada da disponibilização dos vouchers para complemento de renda dos americanos durante o período da pandemia, o que contribui com nossa tese que com a passagem dos efeitos mais intensos dos auxílios disponibilizados anteriormente, a economia teria dificuldade em manter o patamar de consumo devido ao alto desemprego.
Neste sentido, a aprovação do pacote fiscal para impulso à economia, em tramitação no Congresso americano, se mostra importante para a continuidade deste processo de recuperação e estabilização.

Alguns de nossos estudos, mostram que um estimulo fiscal em infraestrutura de US$ 500 bilhões, poderia reduzir a taxa de desempenho para até 2% em 2026.
Retornando à agenda de indicadores, a produção industrial do País também avançou acima do esperado em janeiro. Segundo os dados divulgados, o volume de produção avançou 0,9% em janeiro ante o mês anterior. O resultado também foi acima das expectativas de 0,4%, mas desacelerou em relação ao mês anterior, quando havia expandido 1,3%.
Já a produção industrial de dezembro da Zona do Euro, cedeu 1,6% ante o mês anterior, abaixo do esperado pelo mercado de -0,8% e desacelerando de 2,5% em novembro, mostrando certa dificuldade na região, principalmente pelo aumento nos casos de covid-19, como vimos acima.
Por outro lado, os PMIs de fevereiro, mostram um avanço significativo para a região. O PMI industrial, saiu do patamar de 54,8 em janeiro, para 57,7 na prévia de fevereiro, patamares acima de 50 pontos, indicam expansão da produção.
Ainda sobre os PMIs, chama atenção o PMI de serviços dos EUA, que avançou de 58,3 em janeiro para 58,9 nesta leitura.
Brasil
Como indicado acima, não houve indicadores de relevância nesta semana na economia doméstica, no entanto, a alteração de alguns fatores, mencionado acima, como a frustração de uma campanha de vacinação mais pujante neste início de ano, nos fizeram revisar algumas de nossas projeções.
Para o PIB de 2021, antes esperávamos avanço de 3,4% no cenário base, agora, nossa projeção indica avanço mais contido de 3,1% e o número anterior, passa a ser contemplado em nosso cenário otimista.

Lembrando que o avanço da campanha de imunização é um importante fator para controle não só da pandemia como também de flexibilização das restrições de mobilidade que afetará, principalmente, o setor de serviços, que atualmente se encontra em patamares bastante deprimido em comparação ao comércio e indústria. Este setor, bastante intensivo em mão-de-obra, pode contribuir para a redução da alta taxa de desempenho e consequentemente em um aumento da massa de rendimentos, que sofrerá com a ausência do auxilio emergencial.

Ainda sobre o auxílio, a redução de R$ 600 para R$ 300 nos últimos meses de 2020, já foram suficientes para reduzir o ímpeto da retomada econômica, em dezembro, as vendas no varejo mostraram queda surpreendente, reduzindo o carrego positivo para 2021 e retornando ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, início da crise sanitária.
Outra revisão feita foi referente ao cenário de inflação, com a volta das pressões nos preços agropecuários, devido a alta nos preços de commodities, revisamos nossa projeção de 3,4% em 2021 para 3,6%.

Próxima semana
Para a próxima semana, os indicadores que serão acompanhados na economia doméstica serão os dados de inflação com o IPCA-15 e o IGP-M de fevereiro. Também conheceremos os dados de emprego de dezembro com a PNAD e os números da arrecadação federal de janeiro.
Para o IPCA-15, esperamos alta de 0,52% em fevereiro, em linha com o racional anterior de maiores pressões em pressões de alimentos. Desta forma, o acumulado em 12 meses passará de 4,30% em janeiro para 4,61%.
Em relação ao IGP-M, conforme visto em publicações anteriores dos índices gerais de preço da FGV, esperamos alta de 2,50%, com foco, principalmente nos preços ao produtor (IPA), causado por aumentos nos preços de commodities e bens intermediários.

Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico