Veja aqui os eventos da próxima semana
- COVID-19: Nesta semana, a pandemia de COVID-19 continuou a desacelerar na América do Norte e América do Sul, assim como na região asiática. Porém, Europa e Leste Europeu vêm sofrendo com altas de casos no Reino Unido e Rússia.

- Exterior: No cenário externo, a queda da produção industrial americana em setembro mostrou que a atividade industrial vem sofrendo em diversas partes do mundo. O esperado para o mês era de uma alta marginal de 0,1%, mas cedeu 1,3%. Dados do PMI de outubro também mostraram certo arrefecimento do avanço da indústria na Zona do Euro.
Brasil
- Fiscal: No Brasil, a agenda de indicadores foi relativamente fraca e o foco doméstico recaiu para as notícias sobre o Auxílio Brasil e o PEC dos Precatórios que tramita na Câmara dos Deputados. Na quarta-feira, o Ministro da Cidadania, João Roma, terá valor médio de R$ 400,00 mensais. O novo valor será uma composição de uma correção de 20% para todos os beneficiários do Bolsa Família e parcela temporária complementar até o final de 2022. O número de beneficiários subirá para próximo de 17 milhões de famílias, contra o volume atual de cerca de 14 milhões. O AB começará a ser pago em novembro, em substituição ao Bolsa Família e ao Auxílio Emergencial. O reajuste irá gerar uma despesa extra Teto de pouco mais de R$ 30 bilhões e tem gerado incertezas sobre a Ancora Fiscal. Para efetuar esses gastos será necessária uma mudança na Constituição, que seria feita via a PEC dos precatórios.
- Precatórios: Com isso, a comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou, por 23 votos contra 11, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) limita o pagamento de precatórios, estabelece opções para a quitação dos precatórios que não serão pagos em 2022 e muda o cálculo de reajuste do teto de gastos. As alterações podem abrir um espaço fiscal entre R$80 e R$100 bilhões de reais para o próximo ano e piorar do déficit primário podendo chegar a mais de 1% do PIB ante expectativa anterior de 0,3%. Desta forma, haverá espaço para se lançar o Auxílio Brasil com benefício de R$ 400,00 por mês para 17 milhões de famílias, além de outros benefícios como Auxílio Gás, auxílio a caminhoneiros e desoneração da folha de pagamento e outros. O risco da alteração no Teto de Gastos é a forma como o Banco Central irá enxergar esta mudança na reunião do COPOM da próxima semana, podendo influir negativamente no balanço de riscos da Autoridade Monetária e nas projeções de inflação.
Próxima Semana
- IPCA-15: Na próxima semana será divulgado o IPCA-15 de outubro. Nossa expectativa é ocorra desaceleração de 1,14% para 0,94%. A composição deve se manter muito parecida com o IPCA-15 do mês anterior, ou seja, os grupos de Alimentação e Bebidas, Habitação e Transportes devem concentrar as maiores altas. Os principais itens altistas são tomate, aves, energia elétrica residencial, gasolina e passagens aéreas. Esse pequeno alívio não muda o quadro de forte pressão inflacionária. O problema de restrição energética global, manutenção de preços de petróleo em patamares elevados e câmbio apresentando expressiva depreciação, devem contribuir para que a inflação permaneça pressionada no curto prazo.
- COPOM: O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reunirá na próxima semana para decidir qual será a taxa juros. Nossa expectativa era que o BC em função do que havia comunicado e pela trajetória desafiadora da inflação, faria uma elevação de 100 pontos base, ou seja, elevaria a Selic para 7,25%. Contudo, diante da materialização dos riscos fiscais (rompimento do teto e maior estímulo fiscal) que surgiu nesta semana, entendemos que o BC precisará elevar mais os juros, levando a Selic em 150 pontos (7,75%). Além disso, deve apresentar um comunicado mais duro por conta dessa flexibilização fiscal.
- Exterior: No exterior, teremos a leitura do PIB do terceiro trimestre da Zona do Euro, assim como a decisão de política monetária do Banco Central Europeu. Nos EUA, o destaque também será a leitura do PIB do terceiro trimestre, e por fim na China, teremos o lucro industrial de setembro.

Fonte: FGV, Bloomberg, Broadcast e LCA Consultores
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Julio Mello de Barros, economista
julio.barros@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico