COPOM | Setembro/18
Relatório em PDF aqui.
Ontem o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) decidiu, por unanimidade, manter a taxa SELIC em 6,5%, fato amplamente esperado.
No comunicado, a Autoridade Monetária trouxe algumas novidades no que tange o balanço de riscos, como a possibilidade de reduzir o estímulo monetário no caso de piora adicional do balanço de riscos e alteração da avaliação dos níveis dos núcleos de inflação. Além disso, trouxe as projeções de inflação para 2018 e 2019 condicionadas a trajetória de juros e câmbio da pesquisa FOCUS e com tais variáveis constantes.
Em relação ao balanço de riscos, a avaliação está marginalmente pior devido ao cenário externo para emergentes. Mas ainda assim, o COPOM afirmou que “a conjuntura econômica ainda prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da estrutural”. Por outro lado, o Comitê abriu a possibilidade de começar a retirar o estímulo monetário (alta da taxa de juros) “caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”, o que não é nosso cenário base. Vale dizer que tal comunicação do BCB, minimiza fortemente a possibilidade de choque de juros sinalizando que caso haja alta de juros, será gradual.
Em relação as projeções de inflação nos chamou a atenção a expectativa de 4,5% para o IPCA no caso de câmbio constante a R$ 4,15, isto por que tal patamar está acima da meta estipulada para o ano (4,25%). Entretanto, também não podemos deixar de destacar, que na pesquisa FOCUS a expectativas para anos subsequentes (2020 e 2021) estão ancoradas próximo ou na meta (4,0% e 3,9%, respectivamente).
Neste sentido, esperamos que na Ata desta reunião a ser divulgada na semana seguinte deverá ponderar que em ambiente de expectativas ancoradas, o BCB deverá utilizar as bandas em torno da meta, como em 2017.
Já em relação aos núcleos de inflação o BCB também alterou sua avaliação. Nós vínhamos pontuando que, aparentemente, os diversos núcleos de inflação e outros indicadores inflacionários qualitativos tinham atingido o “fundo do poço” e deveriam começar a normalizar adiante. O BCB, por sua vez, passou a ver os núcleos em níveis apropriados ante níveis baixos na comunicação de agosto. Entendemos que o termo apropriado condiz com nossa avaliação de núcleos condizente com o cumprimento da meta no médio prazo.
Desta forma, mantemos nosso cenário base de manutenção da taxa SELIC a 6,5% nas próximas reuniões. Entendemos que a mudança da estratégia do BCB passará, necessariamente, pela desancoragem da expectativa inflacionária de médio prazo, fenômeno mais atrelado a continuidade das reformas estruturais internas do que a taxa de câmbio.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro
antonio.castro@bancodaycoval.com.br