História do dia: “Biden e os mercados”
- As vezes investidores esquecem que o fundamento não foi alterado e a expectativa quanto ao futuro rapidamente é antecipada nos preços dos ativos de renda variável. Ao que tudo indica o movimento de atrelar a melhora dos mercados a eleição de Biden é um caso clássico disso, uma vez que, o mandato do atual presidente dos EUA vai até 20 de janeiro de 2020. Como se isto não bastasse os chamados “mercados” só subiram desde 2016 até 2020 ou seja nos 4 anos da administração Trump. Fato é que: altas e baixas não são binárias, isto é, não estão atreladas a um único fator positivo/negativo, é fundamental que se entenda, por exemplo: em qual momento do ciclo econômico estamos, qual a demanda por moeda, como vão as taxas de inflação , desemprego, e assim por diante. A combinação de “n” variáveis que trazem ou não a esperada recuperação econômica, que é embalada por uma série de fatores que incluem, mas não se limitam, a escolha do mais alto cargo do poder executivo.
- No quadro doméstico, o mercado deixou em segundo plano novos ruídos políticos em torno da vacina chinesa Coronavac, cujos testes foram suspensos ontem à noite por determinação da Anvisa, em razão de intercorrência considerada grave, mas não especificada, em participante. As autoridades de saúde de São Paulo reafirmaram hoje a segurança da vacina, desenvolvida em conjunto com o Instituto Butantan, e disseram que o evento não tem relação com o teste. A decisão da Anvisa foi tratada como uma vitória pessoal pelo presidente Jair Bolsonaro, em comentários em rede social, nos quais atribuiu efeitos como “morte” e “invalidez” à vacina. “Todo e qualquer processo de vacina sofre avanços e recuos. Vamos lembrar que aquela outra vacina de Oxford também teve testagem interrompida quando houve um óbito entre as pessoas que eram do grupo submetido a esse teste. É o mesmo procedimento com essa [Coronavac]”, disse hoje o vice-presidente Hamilton Mourão. Declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a necessidade de colocar em movimento o programa de privatizações agradaram ao mercado, assim como comentários da noite anterior do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que não há opção para 2021 que não seja a votação no Congresso da agenda de ajuste fiscal
Empresas:
- BrFoods: A empresa obteve lucro líquido de R$ 219 milhões no terceiro trimestre deste ano, 28,2% menor do que o lucro verificado em igual período de 2019. A receita líquida proveniente das vendas da companhia no período somou R$ 9,943 bilhões, aumento de 17,5% em um ano.
- Direcional Engenharia: apresentou lucro líquido de R$ 28,554 milhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 10% em relação ao mesmo intervalo de 2019, os números foram considerados em linha pelo consenso.
- Itausa: holding banco Itau, participação na Alpargatas, e Duratex, registrou lucro líquido de R$ 1,784 bilhão no terceiro trimestre de 2020, queda de 8,1% em relação aos R$ 435 bilhões no mesmo período de 2019. No critério recorrente, o grupo teve ganhos de R$ 1,975 bilhão entre julho e setembro, recuo de 21%.
- Vale: A Vale anunciou o fim do acordo de acionistas vigente entre Litela Participações, Litel Participações, Bradespar, Mitsui e BNDESPar, assinado em 14 de agosto de 2017, a partir de hoje. Nesta terça-feira, 10, as ações e votos pertencentes aos acionistas não estarão mais vinculados ao acordo.A mineradora diz que o acordo, quando assinado, já previa a não renovação, e foi celebrado para proporcionar estabilidade à companhia e ajustar sua estrutura de governança corporativa durante o período de transição para se tornar uma empresa de capital disperso.
Fonte: Broadcast
Enrico Cozzolino, analista de investimento CNPI-t enrico.cozzolino@bancodaycoval.com.br