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Ontem o COPOM decidiu por unanimidade reduzir a taxa SELIC em 0,25p.p. para 2,0%. O comunicado da decisão trouxe informações importantes a respeito dos próximos passos do Comitê. Há dois destaques importantes: (i) ainda há espaço para alguma redução e (ii) o COPOM não subirá juros até a expectativa de inflação para o horizonte, no qual foi incluído 2022, relevante estar próximo a meta. Neste sentido, a comunicação do BCB foi bastante ‘dovish’ ao aprofundar o ‘piso’ para a SELIC e negar altas no curto prazo.
Em relação a sinalização de que ainda possa haver mais algum espaço para queda da taxa de juros, há condicionais e ritmos relativamente explicitados. O cenário inflacionário e a situação fiscal, especialmente no médio prazo, ficam como condicionantes para possíveis novos ajustes. Além disso, tais ajustes, caso ocorram, serão em menor ritmo frente aos últimos até então. Possivelmente com reuniões intermediárias entre cortes para análise da proximidade com o chamado ‘effective lower bound’.
Para além da possibilidade de redução da taxa SELIC, o Comitê explicitou que não vislumbra alta da taxa de juros até a expectativa para a inflação estar próxima a meta no horizonte relevante (2021 e em menor grau 2022). Esse ‘forward guidance’ é importante uma vez que reforça a expectativa de inflação como central na decisão do BCB.
Considerando a comunicação atual do BCB e o nosso cenário prospectivo para a inflação, acreditamos que a discussão de novas reduções da taxa SELIC será realizada em algum momento dos próximos meses. Neste sentido, apesar de esperarmos manutenção da taxa SELIC em 2% até pelo menos o final de 2021, há probabilidade de cortes adicionais Além disso, até então a expectativa para 2022, que começa a ganhar relevância na decisão segue próxima a meta, entretanto com o passar do tempo, dado especialmente a ociosidade da economia, acreditamos que haverá queda significativa levando ao adiamento de possíveis altas de juros. Neste sentido, o quadro geral para a taxa de juros segue apontando convincentemente para a continuidade do baixo patamar verificado.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico