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A produção industrial medida pela Pesquisa Mensal da Indústria (PIM) do IBGE avançou 8,0% em julho frente a junho, na série ajustada sazonalmente, apesar de desacelerar em relação ao mês anterior, os números da produção industrial ainda são robustos, no mês anterior o índice avançou 9,7%. Na comparação com junho do ano passado, no entanto, o índice apresentou queda de 3,0%. Tais resultados foram acima do esperado por nós de +6,2% na variação mensal e -5,2% na comparação interanual, mesmo movimento para a expectativa de mercado de +5,0% e -6,0% segundo a mediana de projeções da Bloomberg.

Desta forma, a continuidade da recuperação na margem tem reduzido a diferença do volume total da produção em relação ao período pré-pandemia, em fevereiro deste ano. Em relação a este período o volume de produção está 6,0% menor. No pior momento da crise para a indústria, em abril, este valor chegou -27,0%.
No entanto, é importante enfatizar, que a retomada da indústria, assim como em outros seguimentos da economia, está sendo caracterizada por um descompasse entre os setores devido a diversos fatores.
Diferentemente do que ocorre no varejo, onde o descompasse da retomada tem impacto direto das medidas de distanciamento social que afetaram em maior ou menor grau alguns setores, na indústria o que vemos é que seguimentos mais atrelados à decisões de longo prazo, como Bens de capital e Bens de consumo duráveis, componentes importantes do investimento e que de forma geral dependem da expectativa dos empresários em relação à demanda futura e da confiança dos consumidores estão sendo afetados em maior intensidade.
Na comparação interanual, Bens de capital e Bens de consumo duráveis caem 15,4% e 16,9% respectivamente, bastante abaixo da indústria de transformação como um todo que cede 3,6% na mesma métrica.
Por fim, a economia brasileira, ainda que apresente uma retomada mais heterogenia entre os setores, tem apresentado dados pouco melhores que o esperado, e apesar resultado pouco pior do que o imaginado do PIB do segundo trimestre divulgado esta semana, de queda de 11,4% frente ao mesmo período do ano passado e 9,6% frente o primeiro trimestre deste ano, não altera de forma substancial nossa expectativa para o cenário prospectivo. Mantemos nossa projeção para o PIB brasileiro nos próximos anos de queda de 5,2% em 2020, alta de 3,4% em 2021 e alta de 2% em 2022. Neste caso, o PIB brasileiro só voltará para o patamar de 2019 ao final de 2022.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico