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O IPCA-15 de novembro apresentou variação de 0,81%, desacelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa havia sido de 0,91%. No entanto, o resultado foi mais intenso que o esperado por nós e pelo mercado (0,74%). Com isso o acumulado em 12 meses passou de 3,5% para 4,2%.
De modo geral, em relação ao mês passado, a leve melhora da inflação se deu pela desaceleração marginal da inflação de alimentos e com maior intensidade a normalização dos preços de passagens aéreas que neste mês avançou apenas 3,46% ante alta de 39,9% em outubro.
Neste sentido, dada a amplitude do choque e a normalização de diversos preços, a inflação medida pelos núcleos continuou a apresentou algum repasse. A média dos núcleos (EX0, EX3, MS, DP e P55) se manteve no patamar de 0,5% na margem, mas acelerando de 2,2% para 2,5% no acumulado ao longo de 12 meses.
A inflação de serviços, bastante relacionada com o mercado de trabalho, segue comportada a despeito da normalização na margem. Em novembro o grupo desacelerou de 0,64% para 0,41%, no entanto, no acumulado em 12 meses avançou de 1,4% para 1,7% patamar ainda inferior ao piso da meta de inflação (2,5%).

Esperamos que a pressão vista em alimentos persista por mais algumas leituras, especialmente devido aos últimos números de inflação divulgados em indicadores coincidentes, como os índices gerais de preços da Fundação Getúlio Vargas, que mostram pressão adicional de alimentos no atacado.
Nossas projeções de inflação apontam para um IPCA que terminará o ano em 3,1% e 3,4% em 2021. Para o próximo ano esperamos que alguns serviços e administrados recomponham parcialmente o ano de 2020. Como a pressão derivada dos choques e da recomposição de preços são temporárias, não vislumbramos maiores repercussões para as expectativas inflacionárias. Ou seja, a despeito da alta da inflação corrente, a expectativa de inflação de prazos mais relevantes para a política monetária deverão permanecer ancorados. Neste sentido, mantemos nossa expectativa de manutenção da taxa SELIC em 2% até final de 2021.

Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico