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O IPCA-15 de outubro apresentou variação de 0,94%, mais intensa do que a esperada por nós e pelo mercado. Com isso o acumulado em 12 meses passou de 2,65% para 3,52%.
De modo geral, em relação ao mês passado, a piora da inflação se deu pela aceleração da inflação de alimentos e pelo fato da inflação de serviços e alguns outros bens, como vestuário, terem parado de apresentar deflação.
Neste sentido, dada a amplitude do choque e a normalização de diversos preços, a inflação medida pelos núcleos apresentou algum repasse. A média dos núcleos (EX0, EX3, MS, DP e P55) acelerou de 0,12% para 0,53% na margem e de 2,17% para 3,41% na média trimestral dessazonalizada e anualizada. É natural que as métricas de núcleos não expurguem totalmente os choques de preços, mas esta leitura mostrou contágio maior do que esperávamos. Por outro lado, a inflação de serviços, bastante relacionada com o mercado de trabalho, segue mais comportada. Na margem acelerou de 0,07% para 0,64%, mas na média trimestral dessazonalizada e anualizada, depois de meses de deflação, está a 2,15%, patamar abaixo do piso da meta e ainda bastante confortável.

Tendo em vista o choque de preços atuais e a normalização de alguns outros preços, notadamente de serviços, revisamos nossa projeção de IPCA deste ano de 2,4% para 2,9%. Para 2021, fora do horizonte de impacto do choque atual de alimentos, projetamos inflação de 2,8%. Em relação a política monetária, em linha com os fundamentos macroeconômicos e a comunicação do BCB, esperamos manutenção da taxa SELIC em 2% o final de 2021 no caso de manutenção do regime fiscal atual.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico