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Hoje pela manhã o IBGE divulgou o IPCA-15 do mês de novembro com variação de 0,14%, abaixo da nossa expectativa e do mercado, ambas de 0,16%. No acumulado em 12 meses passou de 2,72% em outubro para 2,67% em novembro. De forma geral, apesar da surpresa na margem, o número veio em linha com o esperado.
O destaque é o início de sinais mais claros do choque de preços de proteínas que já era esperado devido a problemas de oferta na China. Já os indicadores qualitativos na margem tiveram comportamento neutro, enquanto serviços e serviços subjacentes (em termos trimestrais dessazonalizados e anualizados) ficaram relativamente estáveis na margem, alguns núcleos aceleraram levemente. Acreditamos que tal movimento se deve a normalização de alguns núcleos (ex2 e ex3) que se encontravam em patamares excessivamente baixas (<2%) para nível mais próximo dos demais núcleos (~2,5%).

Para o IPCA fechado de novembro esperamos aceleração sensível da inflação. Nossa projeção é de 0,35% e considera três impactos principais: (i) alta relevante do preço de proteínas; (ii) impacto da alta da bandeira de energia e; (iii) reajuste do valor da loteria. No sentido contrário haverá o impacto da Black Friday especialmente em eletrônicos e correlatos.
Para dezembro revisamos fortemente nossa projeção de IPCA devido ao forte impacto de proteínas animais (+0,12p.p.) e a bandeira tarifária de energia (+0,15p.p.) que deverá ser vermelha. Desta forma, nossa projeção atual para dezembro é de 0,70%, ante 0,43%. Desta forma nossa projeção para o IPCA de 2019 passou de 3,35% para 3,60%. Além disso, vislumbramos probabilidade de efeitos secundários sensíveis no primeiro semestre do ano que vem, especialmente em refeição fora de casa.
Em relação a política monetária tais revisões altistas para a inflação não alteram substancialmente o cenário de forma que o Banco Central do Brasil tem espaço para seguir com pelo menos mais um corte de 0,50p.p., como já sinalizado. Entretanto, a piora da percepção em torno da inflação no início de 2020 com diversos choques (bandeirada, proteínas, combustíveis e etc.) deverá limitar ações mais ousadas por parte da Autoridade Monetária. Neste sentido reafirmamos nossa projeção de 4,5% para a taxa SELIC no final deste e do próximo ano. Acreditamos que ainda há probabilidade relevante de um corte terminal em 2020 o que levaria a taxa SELIC a 4,25%, por outro lado segue em queda a probabilidade da taxa SELIC atingir 4% ainda no primeiro semestre.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro