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O IPCA-15 de março variou 0,02% segundo dados divulgados esta manhã pelo IBGE. No acumulado em 12 meses, o índice passou de 4,21% na leitura de janeiro para 3,67% em fevereiro. Destaque para o comportamento muito benigno dos núcleos e a trajetória baixista de serviços na margem.
Em relação as medidas com viés mais qualitativo citadas acima, vale destacar o comportamento da média trimestral dessazonalizada e anualizada dos núcleos de inflação com queda de 3,7% para 2,8%. A inflação de serviços subjacentes que chamou a atenção nos últimos meses voltou a retroceder na margem e, apesar de ainda em maior patamar frente aos núcleos, apresenta trajetória baixista (de 5,6% para 4,1% na média trimestral dessazonalizada e anualizada). Nossa expectativa é de que serviços subjacentes fiquem próximas a 3,3% na média do ano, o que implica em alguma desaceleração adiante.

Em nosso relatório sobre o IPCA de fevereiro revisamos nossa projeção de inflação deste ano para 3,0%, número que atualmente apresenta viés de abaixa. Para 2021 projetamos IPCA em torno de 3,5%.
Em relação a política monetária, contrariamente a modelagem explicitada pelo BCB, nossos modelos apontam para inflação ainda bem abaixo da meta em 2020 e 2021, especialmente para medidas de inflação subjacentes, e adicionando a este processo os efeitos do cenário externo e interno com o surto de COVID19 cujos impactos ainda são desconhecidos, mas claramente baixista para atividade econômica tanto global quanto doméstica nos levaram a revisar nosso cenário de juros. Acreditamos que o BCB cortará a taxa de juros novamente já na próxima reunião do COPOM em maio, com mais um corte de 0,50 p.p, levando a taxa SELIC à 3,25% patamar que acreditamos permanecer até pelo menos o final deste ano.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico