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O IPCA de março variou 0,07% segundo dados divulgados esta manhã pelo IBGE. Com este resultado o acumulado em 12 meses do índice passou de 4,00% na leitura de fevereiro para 3,67% em março. Destaque para o comportamento muito benigno dos núcleos e a trajetória baixista de serviços na margem.
Em relação as medidas com viés mais qualitativo citadas acima, vale destacar o comportamento da média trimestral dessazonalizada e anualizada dos núcleos de inflação que cederam de 3,06% para 2,24%. A inflação de serviços e serviços subjacentes que chamou a atenção nos últimos meses voltou a retroceder na margem e apresenta trajetória baixista como esperávamos (de 2,99% para 2,25% e 4,34% para 2,44% na média trimestral dessazonalizada e anualizada, respectivamente).

Em nosso relatório sobre o IPCA de fevereiro revisamos nossa projeção de inflação deste ano para 3,0%, no entanto, à luz de novos dados, revisamos tal expectativa para 2,2% em 2020.
Em relação a política monetária, após o último corte de 0,50 p.p. levando a Selic à 3,75% a.a, o BCB sinalizou como adequado a manutenção da taxa neste patamar, no entanto, contrariamente a modelagem explicitada pelo BCB, nossos modelos, conforme destacado acima, apontam para inflação ainda bem abaixo da meta em 2020 e 2021, especialmente para medidas de inflação subjacentes. Além disso acreditamos que o viés deflacionário via atividade econômica irá preponderar frente aos riscos inflacionários (câmbio, por exemplo) em um cenário que não há reversão de reformas econômicas já aprovadas. Desta forma, mantemos nossa percepção de que o cenário de atividade econômica decepcionante e inflação morosa irá se impor novamente e levará o BCB a voltar a derrubar a taxa SELIC (0,25p.p. ou 0,50p.p.) na próxima reunião. Dada as condições postas atualmente esperamos que taxa SELIC termine o ano abaixo de 3,5%.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico