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A taxa de desemprego (PNAD) subiu de 11,2% no trimestre encerrado em janeiro para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro na séria sem ajuste sazonal. Na série ajustada sazonalmente houve queda de 11,5% para 11,4% nas mesmas bases de comparação. A taxa de subutilização do mercado de trabalho ficou estável no trimestre encerrado em fevereiro frente o trimestre imediatamente anterior na série original (23,5%) e cedeu na série com ajuste sazonal (23,3% para 23,2%). Em linha com a melhora da ocupação (+2,0% a.a.), a massa salarial avançou 1,91% frente ao mesmo período do ano passado, mas segue perdendo dinamismo devido ao comportamento do rendimento médio que passou ao campo negativo (-0,2% a.a. em fevereiro frente estabilidade em janeiro).

Neste sentido, o mercado de trabalho seguia mostrando melhora adicional na margem ainda que em ritmo baixo. Entretanto, o cenário prospectivo é desafiador. Os impactos econômicos do surto de coronavírus ainda não são completamente mensuráveis, mas obviamente terão impacto negativo na ótica do emprego. Com os dados mais recentes em mãos revisamos nossa projeção de PIB deste ano de -0,2% para -3,0%. Dada a incerteza e magnitude do choque acreditamos que tal número tem viés negativo a depender a duração das medidas de contenção. Em um cenário mais pessimista vislumbramos que a retração do PIB pode chegar a 5%. Em relação a recuperação subsequente as incertezas também são grandes. As retiradas das medidas de contenção deverão ser realizadas gradualmente de forma que a recuperação não seja muito vigorosa. Além disso ainda não está claro se haverá projetos de recuperação econômica domesticamente, uma vez que as medidas anunciadas até aqui têm viés emergencial. Desta forma, com alto nível de incerteza, esperamos crescimento de 2% em 2021.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico