No exterior, as bolsas da Ásia encerraram o pregão desta quinta-feira, novamente, sem direção única. A expectativa de um novo pacote fiscal nos EUA embala os índices futuros de Nova York e as bolsas da Europa.
A possibilidade do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar mais estímulos à economia americana ainda hoje oferece espaço para apetite por risco. No entanto, ainda permanece no radar o salto de casos da covid-19 em todo o mundo.
Também fica no radar, mas com pouca possibilidade de impactar os negócios no curto prazo, a aprovação, pela segunda vez, do processo de impeachment do presidente Donald Trump, pela Câmara dos Representantes dos EUA, na tarde de ontem. O pedido foi aberto por “incitação à insurreição”, após a invasão do Capitólio na semana passada por manifestantes pró-Trump. O processo segue agora para o Senado, mas não deve ser analisado na Casa antes de 19 de janeiro, um dia antes do fim do mandato de Trump. O líder do Partido Republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, afirmou que ainda não decidiu se Trump deve ser condenado pela Casa.
Segundo notícias no início da madrugada, Biden pode detalhar sua proposta de pacote fiscal para os EUA, com valor superior a US$ 1 trilhão, nesta quinta-feira. A notícia anima os mercados pois novos estímulos auxiliam a recuperação da economia americana e, consequentemente, mundial.
Na agenda de indicadores externos, fica no radar o superávit comercial de US$ 78,17 bilhões em dezembro da China que encerrou 2020 com saldo positivo de US$ 535,03 bilhões. O resultado do último mês do ano passado ficou acima do observado em novembro, de US$ 75,42 bilhões, e da mediana das estimativas de US$ 72,0 bilhões.
A ata da mais recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), com divulgação marcada para as 09h30 de Brasília, também será monitorada nesta manhã.
No Brasil, com uma agenda doméstica fraca, ficam no radar os ruídos sobre uma possível paralisação dos caminhoneiros e também o rumor de que o presidente Jair Bolsonaro estaria prestes a demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria tentando demovê-lo da ideia.
Sobre o avanço da vacinação no País, as disputas políticas em torno do tema têm dificultado uma percepção mais clara sobre o assunto. A principal queda de braço é entre o Planalto e governo de SP pelo início da vacinação. O mais recente desdobramento é que o Ministério da Saúde prevê o início simultâneo da vacinação contra a covid-19 em todas as capitais de “3 a 5 dias” após o aval da Anvisa. O governo pretende que isso ocorra simultaneamente em todo o Brasil na terça-feira, sendo que a intenção do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é aplicar as doses imediatamente após a aprovação, o que pode ocorrer no próximo domingo, 17.
Ainda sobre o avanço da covid-19, Doria, antecipou para esta sexta-feira (15) nova reclassificação extraordinária do Plano São Paulo, sobre as regras de quarentena para o Estado.
Sobre a corrida para as presidências das casas legislativas, a definição de alianças em torno da disputa pela presidência do Senado avançou após o lançamento da candidatura de Simone Tebet (MS) pelo MDB. O candidato do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), formalizou o apoio do Progressistas, com 7 senadores. Partidos que negociavam com Tebet, por sua vez, frustraram a expectativa da candidata de alcançar Pacheco no início da campanha.
Fonte: Broadcast, Bloomberg e FGV
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico