No exterior, as bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta terça-feira. Os índices futuros das bolsas de Nova York também operam em baixa, após o rali visto ontem nos negócios à vista em função da aprovação na Câmara dos Representantes dos EUA os novos estímulos fiscais e de outra vacina contra a covid-19.
Já as principais bolsas europeias operam no terreno positivo nesta manhã, estendendo os ganhos de ontem.
Os ganhos na Europa são suportados por dados econômicos locais e comentários sobre a possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) ampliar estímulos monetários.
No começo da manhã, a Eurostat, agência de estatística da União Europeia, divulgou que a taxa anual de inflação ao consumidor da zona do euro permaneceu em 0,9% em fevereiro, repetindo a variação de janeiro. As expectativas de mercado previam taxa um pouco maior, de 1%. Já na Alemanha, as vendas no varejo sofreram queda de 4,5% em janeiro ante dezembro, bem maior do que o recuo de 1% projetado pelo mercado.
Em entrevista à imprensa, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que a instituição poderá recalibrar seus programas de compras de ativos – inclusive o chamado PEPP, que foi criado em resposta à pandemia de covid-19 – se a alta dos juros dos Treasuries tiver impacto negativo nas condições financeiras. Segundo Guindos, o BCE dispõe da “flexibilidade necessária para reagir”.
No Brasil, os mercados locais começam a terça-feira reagindo às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçando a necessidade de responsabilidade fiscal com a PEC Emergencial, que vai para votação amanhã no Senado e também com o aumento da alíquota da CSLL para bancos.
Outro ponto de destaque é a votação pelo Senado da MP que autoriza estados a comprarem vacinas diretamente e abre caminho para a iniciativa privada comprar doses. A ampliação de doses disponíveis para o sistema de Saúde é fundamento para a elevação do ritmo de vacinação que atualmente, é bastante diminuto.
O aumento da alíquota do CSLL dos bancos para 25% até o final do ano, vem no sentido que balancear, no sentido fiscal, o decreto que zera as alíquotas de PIS/Cofins sobre o diesel por dois meses e sobre o gás de cozinha de forma permanente, cujo impacto fiscal soma aproximadamente R$ 3,6 bilhões. Todavia, a elevação da tributação dos bancos para bancar a desoneração do diesel e do gás de cozinha poderá impactar no custo do crédito e do spread bancário.
O ministro Guedes, se mostrou confiante de que a PEC Emergencial será aprovada e disse que quer conter os gastos desenfreados com a proposta. Segundo ele, o pagamento do auxílio emergencial sem contrapartidas fiscais seria muito danoso para o País.
Fonte: Broadcast, Bloomberg e FGV
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico