No exterior, as bolsas da Ásia e Pacífico fecharam sem direção única nesta quarta-feira, após o banco central chinês deixar as taxas de juros do país inalterados por mais um mês, apesar de recentes sinais de desaceleração econômica.
O PBoC, como é conhecido o BC chinês, decidiu manter seu juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos nos níveis atuais pelo 18º mês consecutivo, embora o Produto Interno Bruto (PIB) da China tenha desacelerado mais do que o esperado no terceiro trimestre.
Na Europa, as bolsas operam majoritariamente em uma alta contida na manhã desta quarta-feira, enquanto investidores digerem dados de inflação da região e seguem atentos à temporada de balanços dos EUA.
Na zona do euro, confirmou-se hoje que sua taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) saltou para 3,4% em setembro, atingindo o maior nível desde igual mês de 2008.
Embora os preços no bloco estejam se mantendo altos por mais tempo do que se imaginava, o Banco Central Europeu (BCE) continua avaliando que o salto da inflação é transitório.
Ainda em relação ao BCE, Jens Weidmann, um de seus dirigentes mais hawkish, anunciou hoje que deixará a presidência do banco central alemão (Bundesbank) no fim do ano.
Já no Reino Unido, o CPI anual desacelerou levemente no último mês, para 3,1%, mas é esperado que o índice voltará a ganhar força e não impedirá o Banco da Inglaterra (BoE) de elevar juros nos próximos meses.
Na Alemanha, o destaque foi a inflação ao produtor (PPI), que alcançou 14,2% em setembro, o maior patamar desde outubro de 1974.
Também seguem no radar os balanços corporativos dos EUA. Desde a semana passada, a maioria dos resultados tem surpreendido positivamente.
E com isso, os índices futuros das bolsas de Nova York operam perto da estabilidade. A agenda de hoje traz resultados de IBM, Tesla e Verizon.
Investidores também vão seguir monitorando comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) que participam de eventos ao longo do dia.
No fim de semana, terá início o período de silêncio, que impedirá autoridades do Fed de se manifestar publicamente até a próxima reunião de política monetária do BC americano, que está marcada para 2 e 3 de novembro.
Nos últimos meses, o Fed vem sinalizando que se prepara para começar a retirar estímulos monetários antes do fim do ano. Na tarde de hoje, o BC dos EUA divulga seu Livro Bege de condições econômicas regionais.
No Brasil, em meio ao temor do mercado de um Auxílio Brasil fora do teto, o investidor acompanha nesta quarta-feira a votação da PEC dos Precatórios na comissão especial da Câmara. No Senado, a expectativa é pela apresentação do relatório da CPI da Covid.
Pressionado por mais gastos fora do teto com programas sociais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participa de dois eventos hoje, fica no radar.
A pressão nos preços também cria a expectativa nos mercados financeiros de que a Selic subirá 125 pontos-base no Copom deste mês.
E o Senado aprovou ontem a criação de um vale-gás para bancar metade do preço do gás de cozinha a famílias de baixa renda por cinco anos.
O relatório da CPI da Covid deve resultar em 11 crimes contra o presidente Jair Bolsonaro e há 72 pedidos de indiciamento. Caso aprovadas pela CPI, as propostas de indiciamento devem ser encaminhadas ao Ministério Público e à Câmara dos Deputados para que se promova a eventual responsabilização civil, criminal e política dos acusados.

Fonte: FGV, Bloomberg e Broadcast
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Julio Mello de Barros, economista
julio.barros@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico