No exterior, as bolsas asiáticas fecharam em alta generalizada nesta terça-feira, enquanto as bolsas da Europa e EUA operam sem estabilidade e em sua maioria no terreno negativo.
Na Ásia, as bolsas continuaram o processo de recuperação mesmo com a elevação das tensões sino-americanas e revisão pouco pior do PIB japonês no segundo trimestre.
Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, manteve a retórica anti China em discurso eleitoral em discurso para celebrar o feriado do Dia do Trabalho.
Trump, afirmou que dissociar as economias dos Estados Unidos e da China não traria prejuízos. “Estamos pensando nisso, não haveria perdas”. O mandatário, contudo, não deixou claro o que quis dizer exatamente, nem como esse processo aconteceria na prática.
Além disso, os EUA, avaliam a inclusão da SMIC, maior fabricante de chips da China, em sua lista de restrições a exportações, de acordo com a agência de notícias Reuters – que cita um oficial do Departamento de Defesa do país como fonte. Isso exigiria, por parte das empresas americanas, a busca de uma licença para fazer negócios com a companhia de semicondutores.
A sinalização surge no momento em que o país asiático tem investido agressivamente para construir sua própria indústria de chips e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.
No entanto, é esperado elevação nas tensões entre EUA e China à medida que tanto republicanos quanto democratas concordam com uma posição mais dura em relação à China e isso se materializa mais nitidamente no campo tecnológico, como temos visto nos últimos messes.
Na agenda da região, as exportações chinesas se mantiveram forte em agosto, à medida que a continuidade da recuperação global impulsionou a demanda externa. Dados do órgão alfandegário chinês mostram que houve expansão anual de 9,5%, depois de aumento de 7,2% em julho ante igual mês do ano passado. O resultado veio acima da expectativa, de alta de 7,3%.
No Japão, o PIB do segundo trimestre foi revisado para uma queda de 28,1% anualizado, e não de 27,8%, como se estimou inicialmente, mas a revisão marginal não impactou as cotações.
A Europa segue pressionado, principalmente o setor de tecnologia. Mas fica no radar também os desdobramentos do Brexit, como é chamada a saída dos britânicos do bloco comum, a falta de um entendimento sobre como ficará o comércio entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) tem criado temores sobre uma saída sem acordo.
A União Europeia (UE) alertou o governo britânico nesta segunda-feira para não descumprir compromissos feitos antes de sua saída do bloco, dentro do processo conhecido como Brexit.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esperar que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cumpra o tratado de retirada que pavimentou o caminho para o Reino Unido deixar o bloco, em 31 de janeiro.
Em mensagem no Twitter, ela disse que o acordo é uma “obrigação sob lei internacional” e um “pré-requisito para qualquer relação futura”. Von der Leyen acrescentou que o trecho do acordo que garante fronteiras abertas entre Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e Irlanda, que pertence à UE, é “essencial para proteger a paz e a estabilidade na ilha”, assim como para a integridade do mercado comum da UE.
Os comentários vieram após o jornal britânico Financial Times noticiar que o governo de Johnson planeja legislação doméstica que iria efetivamente se sobrepor às obrigações do tratado de retirada, principalmente no que diz respeito à fronteira irlandesa.
O principal negociador da UE, Michel Barnier, também afirmou que vai buscar esclarecimentos amanhã de David Front, sua contraparte do Reino Unido, para “entender melhor as intenções do governo” britânico. Fonte: Associated Press.
Na agenda de indicadores da região, foram divulgados os números finais sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no segundo trimestre do ano. A contração foi de 14,7% ante o período de abril a junho de 2019, um pouco mais suave do que a leitura preliminar de baixa de 15%. Na margem, a queda ficou em 11,8%, também levemente melhor do que o indicador prévio, que apontava para uma perda de 12,1%.
Na Alemanha, as exportações continuam o processo de recuperação em julho, após sofrerem queda recorde em abril devido a restrições motivadas pela pandemia de coronavírus. Em julho o avanço foi de 4,7% ante junho, em termos ajustados. O resultado superou a expectativa de mercado que previam alta de 3,3% no período.
Em relação a fevereiro, mês anterior às medidas ligadas à covid-19, as exportações da Alemanha diminuíram 12,1% e as importações recuaram 11,5% em julho, informou a Destatis.
No Brasil, a agenda da semana será bastante intensa, com os dados de inflação com o IPCA (quarta-feira) e o IGP-DI de agosto (terça-feira), além dos dados de atividade econômica com as vendas no varejo de julho (quinta-feira).
Para a inflação, esperamos alta de 0,29% frente ao mês anterior. Indicadores coincidentes de inflação mostram que o número pode vir pressionado principalmente por altas no grupo alimentação e habitação. Com este valor, o IPCA acumulará alta de 2,49% em 12 meses frente a 2,31% em julho.
Em relação as vendas no varejo, esperamos leve queda de 0,1% em relação a junho, com ajuste sazonal. Já na comparação contra o mesmo período do ano anterior, nossa estimativa é de alta de 0,8%.
Nesta manhã, foi divulgado o IGP-DI, o resultado foi de alta de 3,87% em agosto. Com este resultado, o índice acumula alta de 15,23% em 12 meses.
Na abertura do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 5,44% em agosto, após variar 3,14% em julho. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,53% em agosto, após variar 0,49% em julho.
O IPA, segue pressionado principalmente com alta de alimentos e matérias-primas brutas.
Na política, destaque para a Câmara dos Deputados que poderá votar na quarta-feira (9) projeto de resolução que permite o funcionamento de algumas comissões, como a de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), e Conselho de Ética. A CCJ está parada desde o ano passado por causa da pandemia da covid-19. O retorno da CCJ é importante para a condução das reformas, pois a, a PEC da reforma administrativa deve começar a tramitar pela CCJ. A CCJ terá um prazo de cinco sessões no plenário para avaliar a admissibilidade da PEC e decidir se ela é constitucional ou não.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico
antonio.castro@bancodaycoval.com.br
Fonte: Broadcast e Bloomberg