No exterior, as bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta terça-feira, favorecidas, de um lado, pela possibilidade de recuperação econômica e de novos estímulos fiscais, e pressionadas, do outro, pelo recente avanço dos juros dos Treasuries. Já as bolsas europeias e os índices futuros das bolsas de Nova York operam, em sua maioria, em queda.
Os mercados estão otimistas de que o avanço da vacinação contra a covid-19 trará recuperação econômica e na expectativa também de que os EUA lancem um novo pacote fiscal de até US$ 1,9 trilhão. Ontem, a proposta do governo Biden avançou em uma comissão da Câmara dos Representantes e o líder da maioria democrata no Senado dos Estados Unidos, Chuck Schumer, reforçou que o pacote está “no caminho” para ser aprovado pelo Senado antes do dia 14 de março, quando expiram benefícios de auxílio-desemprego.
No entanto, o recente aumento nos rendimentos dos Treasuries de longo prazo tem afetado categorias de ações que se valorizaram bastante nos últimos meses, como a de tecnologia. Desde a semana passada, o juro da T-note de 10 tem se mantido nos maiores níveis em um ano.
Mais tarde, a partir das 12h, o foco vai se voltar para o primeiro de dois dias de testemunho sobre economia do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, no Congresso americano.
Na agenda de indicadores da Europa, destaque para dados finais de inflação da zona do euro. O índice de preços ao consumidor do bloco teve alta anual de 0,9% em janeiro, revertendo queda de 0,3% de dezembro, como já havia sido estimado preliminarmente no começo do mês. A inflação da região, porém, continua bem abaixo da meta do Banco Central Europeu (BCE), que é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%.
No Brasil, a agenda doméstica reduzida deixa o foco para a Petrobras em meio a expectativas pela reunião do seu conselho de administração nesta manhã, que deve apreciar o pedido do governo federal para aprovar a entrada do general Joaquim Silva e Luna no lugar do executivo Roberto Castello Branco na direção da estatal.
Atenção também para andamento da PEC Emergencial e de reformas e na reunião trimestral de diretores do Banco Central com economistas do mercado. Também é aguardada alguma mensagem do ministro da Economia, Paulo Guedes, que ainda não falou após a reação negativa dos investidores ao risco de uma guinada intervencionista do presidente Jair Bolsonaro na petroleira e outras empresas estatais, como do setor elétrico.
Na seara política, a nova rodada do auxílio emergencial deve ser autorizada pelo Congresso sem uma vinculação direta a medidas de corte em despesas para compensar o gasto adicional, como queria a equipe do ministro da Economia. O teto pretendido será de R$ 40 bilhões, com quatro parcelas de R$ 250 a serem pagas em março, abril, maio e junho a até 40 milhões de brasileiros.
No entanto, fica no radar também a possibilidade de a PEC emergencial abrir uma brecha para o governo conceder a desoneração dos combustíveis sem medidas de compensação, se for decretado o estado de calamidade no futuro.
O presidente Jair Bolsonaro quer zerar os tributos sobre o diesel por dois meses. Ele também quer zerar a tributação do gás de cozinha. Mas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) essa desoneração tem que ser feita com a compensação.
Sobre o avanço da vacinação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse ontem à noite que a Casa deve apresentar projeto de lei que libera a aquisição de vacinas contra a covid-19 por parte de Estados, municípios e empresas privadas e, como contrapartida, todos deverão cumprir as prioridades previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI).
O número de pessoas vacinadas contra a covid-19 no Brasil chegou a 7.080.711, o que representa 3,38% da população brasileira, segundo dados divulgados pela Bloomberg.
Fonte: Broadcast, Bloomberg e FGV
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico
antonio.castro@bancodaycoval.com.br