No exterior, as principais bolsas da Ásia e do Pacífico terminaram a sessão desta segunda-feira em alta, enquanto as pares europeias e os futuros de NY também avançam. O otimismo se dá pela expectativa crescente da chegada de uma vacina contra a covid-19 antes do fim do ano.
Na Ásia, a liquidez foi restrita no pregão desta segunda-feira, por causa do feriado do Dia de Ação de Graças ao Trabalho no Japão, que fechou a Bolsa de Tóquio, um dos principais mercados da região.
Sobre o avanço das vacinas, a Pfizer e a BioNTech entraram com pedido de uso emergencial do imunizante junto à FDA (agência regulatória americana). Cabe agora à FDA decidir se o imunizante, a ser aplicado em duas doses, oferece resultados e segurança satisfatórios.
Nesta semana, um grupo de pesquisadores informou que o imunizante obteve 95% de eficiência em produzir uma resposta imunológica.
Ao longo do fim de semana, o noticiário sobre a vacina ganhou ainda mais tração. O chefe da Operação Warp Speed, Moncef Slaoui, que coordena os esforços dos EUA em torno de uma vacina contra a covid-19, afirmou que as primeiras doses podem ser aplicadas no país a partir de 12 de dezembro.
E, nesta manhã, a farmacêutica AstraZeneca informou que a sua vacina contra a covid-19, que está sendo desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, teve eficácia combinada em média de 70% em testes clínicos realizados no Brasil e no Reino Unido. Segundo a empresa, em algumas simulações, o imunizante mostrou 90% de eficácia. A eficácia variou de 62% a 90%, dependendo da dosagem administrada. Os testes clínicos de estágio final da vacina continuam nos Estados Unidos, Japão, Rússia, África do Sul, Quênia e América Latina.
A farmacêutica anunciou que vai buscar autorização de uso emergencial do imunizante junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) para distribuir a vacina em países de baixa renda e preparar submissões regulatórias para autoridades em países que têm programas de aprovação antecipada.
Por aqui, o imunizante AstraZeneca/Oxford é a principal aposta do governo entre as várias candidatas em desenvolvimento. O Brasil tem um acordo com a farmacêutica e com a universidade que garante acesso a 100 milhões de doses. A expectativa do governo federal é de que a produção pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) comece em 2021.
Na Europa, por outro lado, os indicadores macroeconômicos da região mostraram desaceleração da atividade econômica. O índice dos gerentes de compras (PMI) composto (que combina o setor de serviços e manufatureiro) da Zona do Euro caiu ao menor nível em seis meses diante da segunda onda de covid-19 no continente.
O indicador baixou de 50 pontos em outubro a 45,1 na prévia de novembro. A expectativa de mercado era de queda menor, a 47,1. Índices abaixo de 50 indicam retração na atividade.
O tombo foi motivado pela queda no setor de serviços. O PMI do segmento caiu de 46,9 pontos em outubro a 41,3 em novembro, menor nível em seis meses. A previsão era de recuo a 42,4.
O setor industrial, no entanto, cedeu para 53,6, ainda acima dos 50 pontos, mostrando expansão das atividades.
No Brasil, os destaques da agenda doméstica da semana ficam para o IPCA-15 de novembro, a ser divulgado na terça-feira (24), os dados de emprego com o CAGED de outubro na quinta (25) e por fim, o IGP-M de novembro e a PNAD de setembro na sexta-feira.
Em linha com as pressões vistas em indicadores coincidentes, esperamos uma taxa de inflação de 0,74% para o IPCA-15 de novembro. A despeito de um valor mais elevado, derivados dos choques principalmente de alimentação, o número desacelera em relação à última leitura em outubro, quando apresentou alta de 0,94%. Com a materialização deste valor, o acumulado em 12 meses passará de 3,5% para 4,1%.
Na seara fiscal, a prorrogação do auxílio emergencial por mais alguns meses, como já havíamos sinalizado em edições anteriores deste matinal, parece se desenhar como o desfecho mais provável, o ministro da Economia, Paulo Guedes, dificilmente conseguirá escapar desse caminho e vai se consolidando uma convergência política para garantir a prorrogação do benefício, mesmo que para poucos meses e com uma base de beneficiários menor. Estudos da Instituição Fiscal Independente uma prorrogação nestes moldes teria custo fiscal extra de aproximadamente R$15 bilhões.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico
antonio.castro@bancodaycoval.com.br
Fonte: Broadcast e Bloomberg