No exterior, a maioria das Bolsas da Ásia e do Pacífico encerraram o pregão desta quarta-feira em alta, na esteira do otimismo visto na véspera. Nas outras partes do mundo, no entanto, o clima é misto. Na Europa as bolsas realizam após os últimos dias de otimismo enquanto os futuros de NY avançam com a perspectiva da chegada de uma vacina contra a covid-19 e o desenrolar pacífico da sucessão nos Estados Unidos.
No entanto, a segunda covid-19 segue sendo um desafio às autoridades de saúde de todo o mundo. No Japão, o governo metropolitano de Tóquio quer pedir aos restaurantes que operem em horário reduzido para diminuir a chance de contágio.
Na Europa, novos desdobramentos do Brexit, impedem as bolsas da região de avançaram.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou que, apesar de um quadro internacional mais favorável, o continente está preparado para o caso de não haver um consenso entre o Reino Unido e o bloco comum sobre as relações comerciais futuras depois da separação, marcada para ser efetivada, de fato, no primeiro dia de 2021. A presidente da Comissão avaliou que os próximos dias serão “decisivos” para as tratativas.
Além de ter de lidar com o Brexit, o governo britânico também administra os choques econômicos causados pela pandemia – o país foi o mais afetado entre as maiores economias do globo pela doença na primeira onda de contaminações. Hoje, o ministro das Finanças, Rishi Sunak, anunciará 4 bilhões de libras para proteger empregos e meios de subsistência por causa da covid-19, segundo a imprensa doméstica. O governo britânico já concedeu mais de 200 bilhões de libras para minimizar a crise e, com o anúncio de hoje, será a maior soma despendida pelo governo Britânico desde a Segunda Guerra Mundial.
O membro do Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Michael Saunders, disse, porém, que os efeitos de longo prazo do Brexit podem ter um impacto maior nas empresas do que a pandemia do coronavírus, no entanto, Saunders acredita que a economia britânica provavelmente não entrará em recessão.
Nos EUA, o mercado estará atento à divulgação dos números da segunda estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre (10h30) e dos pedidos de auxílio desemprego (10h30) e à ata do Federal Reserve (16 horas).
Outro ponto de destaque da maior economia do mundo foram as indicações a cargas de seu gabinete do presidente eleito, Joe Biden, reforçando que a transição do governo está efetivamente em andamento.
Biden, e sua vice-presidente, Kamala Harris, apresentaram hoje os primeiros nomes para compor o Gabinete da Casa Branca a partir de 2021. Eles, entretanto, não fizeram menção à escolha para o Tesouro, que segundo fontes ficará sob o comando da ex-presidente do Federal Reserve, Janet Yellen.
Para secretário de Estado, cargo responsável por comandar as relações exteriores americanas, foi confirmada a escolha de Antony Blinken. A decisão indica que a política externa dos EUA retornará ao multilateralismo, em contraste com o perfil combativo do atual secretário de Estado, Mike Pompeo. Ainda no âmbito da diplomacia, a chapa Biden-Harris indicou Linda Thomas-Greenfield ao cargo de embaixadora americana na Organização das Nações Unidas.
Biden e Harris também confirmaram a criação do cargo de Enviado Presidencial do Clima, sinalizando a maior importância que terá o debate ambiental durante a nova gestão. O escolhido foi o ex-secretário de Estado John Kerry, que durante discurso após sua indicação afirmou que, para enfrentar a mudança climática, não será suficiente que os EUA apenas voltem ao Acordo de Paris.
Todas as indicações deverão passar por sabatina no Senado americano antes de tomar posse.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse esperar que não seja necessária uma nova prorrogação do auxílio emergencial, mas manteve em aberto a possibilidade de o governo oferecer novas parcelas do benefício, criado na crise sanitária da covid-19.
Na agenda local, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas caiu 0,7 ponto em novembro, para 81,7 pontos, registrando a segunda queda consecutiva.
O resultado tende a refletir o aumento da incerteza sobre um possível nova onda de contaminações e consequentemente uma retomada de medidas de contenção no país, além dos efeitos da diminuição do auxílio emergencial.
A inflação da cidade de São Paulo da terceira semana do mês de novembro desacelerou de 1,12% para 1,09%. Alimentação, a despeito de desacelerar na margem, ainda permanece em patamar elevado, acima de 2,0%. O grupo permanece neste patamar desde o final de setembro. Na agenda de eventos, às 9h30, sai a nota do setor externo de outubro. Às 10 horas, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Nechio, faz palestra em painel virtual Global Economic Crisis and Gender Equality, da OMFIF. Às 16 horas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de evento virtual “IV Painel Cooperativismo Financeiro”, organizado por Sicoob Engecred.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico
antonio.castro@bancodaycoval.com.br
Fonte: Broadcast, Bloomberg e IBRE