O novo coronavírus fez surgir uma crise econômica sem paralelo na história. No entanto, segundo Carlos Dayan, diretor-executivo do Daycoval, diferentes fatores também fazem deste o melhor momento para as empresas tomarem crédito no país, ainda que muitas tenham sofrido severas quedas de receita por causa da pandemia.
O Programa Emergencial de Acesso ao Crédito, afirma ele, é um dos elementos centrais desse quadro inédito de juros baixos, prazos mais extensos e oferta abundante de recursos. Operado pelo BNDES, o PEAC tem cobertura do Fundo Garantidor para Investimentos – e deve chegar a R$ 100 bilhões em empréstimos até o fim deste ano.
Em transmissão ao vivo na manhã desta quinta-feira (10/9), Dayan falou sobre o FGI – PEAC, explicou por que o quadro atual é inédito no mercado de crédito e por que essa janela deve se fechar em breve. O blog apresenta a seguir um resumo dos argumentos do executivo:
Selic no menor nível na história
A taxa Selic, que serve como referência para o cálculo dos juros de todo o mercado de crédito, está hoje em 2% ao ano. Esse nível é o menor já registrado. No entanto, nos contratos de juros futuros, a projeção de momento é de que a Selic chegará a 4,75% no fim do próximo ano, a 7% em 2022 e 8,10% em 2023. “Não quer dizer que esse será de fato o juro lá na frente”, salientou Dayan. De qualquer forma, esse é um sinal de que juros nos níveis atuais não devem se manter por muito tempo.
IOF zerado para operações de crédito
Na crise, o governo eliminou temporariamente o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que é cobrado sobre financiamentos. O custo varia, mas, como regra geral, a alíquota é de 0,38% sobre o valor total da operação, mais 1,5% ao ano. A medida já foi prorrogada uma vez, e não há informações no momento se haverá ou não nova extensão. O prazo atual termina no dia 2 de outubro.
Garantias do FGI reduzem risco de bancos
O FGI – fundo gerido pelo BNDES e criado pelos bancos em 2010 para compensar a falta de outras garantias em financiamentos – cobre 80% do risco do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito. Essa segurança permite reduzir juros ao tomador final, explica Dayan. Os bancos ficam com os outros 20% do risco. “É importante deixar claro que o dinheiro do financiamento sai do caixa do banco, e não do governo. O banco tem que ser responsável com o dinheiro que empresta porque esses recursos não são dele, mas dos depositantes”, diz. O programa não tem taxas pré-definidas. Os juros dependem do montante do empréstimo, do prazo e do perfil de crédito da empresa, entre outros fatores.
Linhas extensas e sem exigência de garantia
No FGI – PEAC, há carência de até 12 meses, com prazos que vão de 36 a 60 meses. Além disso, o programa permite fazer empréstimos sem exigir garantias, como imóveis ou equipamentos. “Prazo e não-exigência de garantia são duas das coisas que os empresários mais pedem”, afirma Dayan.
Prazo em contagem regressiva
O FGI – PEAC vai até o fim de 2020. No momento, os financiamentos já feitos pelos diferentes bancos habilitados estão próximos de R$ 50 bilhões, segundo o diretor-executivo do Daycoval. Esse é outro dos elementos que colocam um horizonte relativamente curto para acesso a essas condições de crédito inéditas. “As empresas podem mudar o perfil de suas dívidas e se concentrar no que realmente importa: suas operações, seus clientes, seus produtos”, afirma. “E, mesmo que não esteja em grandes dificuldades, ela pode fazer caixa para o futuro com custo muito baixo. O programa surgiu como uma emergência, mas também pode ser usado para investimentos.”
Acesso aos recursos por diferentes bancos
O programa é voltado a empresas que faturam até R$ 300 milhões por ano. O limite das operações é de até R$ 10 milhões por empresa, mas é possível obter recursos em mais de um banco. Dayan ressalta os pontos positivos do FGI – PEAC, mas alerta: é preciso bom senso. “Muito crédito pode também se tornar um problema”, diz.
A íntegra da transmissão com Carlos Dayan está disponível a seguir. Assista:
Por Patrick Cruz