PIM abril/19
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Em abril, a produção industrial avançou 0,3% na série com ajuste sazonal. Tal resultado foi inferior à mediana de mercado da Bloomberg, cuja expectativa era de crescimento de 0,7%. Na comparação com abril de 2018, no entanto, o resultado foi de queda de 3,9%.
O desempenho pior que o esperado pode ser explicado, em alguma parcela mas não totalmente, ao baixo desempenho de indústria extrativa, que nesta leitura, caiu 9,7% ante março, na série com ajuste sazonal e 24% contra abril do ano anterior, sem ajuste sazonal. A trajetória negativa dos últimos meses desta agremiação, principalmente após fevereiro, se deve principalmente ao desastre de Brumadinho-MG.
No entanto, a despeito de um número fechado aquém do esperado e de tendência errática da produção industrial, categorias relacionadas a decisões de longo prazo, como bens de consumo duráveis (3,4%) e bens de capital (2,9%) apresentaram melhora na margem nesta leitura, ainda que em patamares baixos em comparação ao período anterior à greve dos caminhoneiros, fenômeno que afetou de forma considerável a tendência da indústria em geral.
É importante destacar que Bens de Capital é um indicativo de investimentos produtivos, da expectativa dos empresários em relação à demanda futura e tem começado a mostrar reação nos números industriais. Tal fenômeno é divergente com a leitura de Formação Bruta de Capital Fixo da divulgação do PIB que apresenta trajetória pior na margem. Desta forma, o melhor desempenho de Bens de Capital na PIM poderá se traduzir em melhor leituras de FBKF à se confirmar nas próximas divulgações do PIB.
Em resumo, os dados da Produção Industrial de abril, a despeito de um cenário de retomada bastante gradual, de dificuldades do setor extrativo mineral e de alta capacidade ociosa apresentou uma situação pouco melhor para categorias mais atreladas a decisões de longo prazo (bens de capital e bens duráveis), mas carecerá de confirmação ao longo dos próximos meses.
Nossa expectativa de crescimento para este ano, após a divulgação do PIB do primeiro trimestre foi alterada de 1,8% para 1,0%. Tal revisão é baseada em diversos fatores dos quais destaca-se: (i) menor dinamismo da atividade econômica global, (ii) queda dos índices de confiança maior que o antecipado e; (iii) alteração do nível de poupança privada na economia brasileira. Para 2020 também revisamos nossa projeção de 2,5% para 2,0%.
Neste sentido, vislumbramos que 2019, assim como 2018, será caracterizado pelo baixo crescimento, inflação abaixo da meta, apesar da política de juros baixos praticada pelo Banco Central. Projetamos 3,9% para o IPCA e 5,5% para a taxa SELIC no final de 2019.
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro