FIDCs: entenda como funcionam, tipos, vantagens e como investir com segurança

Tempo de leitura: 8 minutos
investidor usando tablet para avaliar os FIDCs

O que você precisa saber sobre FIDCs:

●     FIDCs são Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, que aplicam recursos em recebíveis originados de vendas, serviços ou empréstimos;

●     Oferecem rentabilidade potencialmente superior à de outros ativos de renda fixa, mas com riscos específicos;

●     Podem ser abertos ou fechados, e suas cotas são divididas em classes como sênior, subordinada e mezanino;

●     São indicados, em geral, para investidores qualificados ou profissionais, que entendem o funcionamento e aceitam o risco de crédito;

●     Exigem análise cuidadosa da carteira de recebíveis, da gestão e do histórico de performance antes de investir.

Você já ouviu falar em FIDCs e ficou em dúvida se esse tipo de investimento é para você? Esse produto de renda fixa tem características bem próprias e pode gerar retornos expressivos, mas também exige conhecimento para evitar riscos desnecessários.

Neste guia completo, vamos explicar o que são, como funcionam, quais os tipos, vantagens, riscos, tributação e estratégias para investir com segurança nesse mercado.

O que são os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs)?

FIDCs são fundos de investimento que direcionam seus recursos para a compra de direitos creditórios, ou seja, créditos que empresas ou instituições têm a receber de clientes.

Isso inclui duplicatas, cheques, contratos de aluguel, parcelas de vendas a prazo e outros recebíveis.

Eles funcionam como uma espécie de “antecipação de recebíveis” em escala, permitindo que empresas recebam hoje valores que só seriam pagos no futuro.

Para o investidor, isso representa a chance de obter uma rentabilidade que reflete o risco de crédito dessas operações, normalmente superior à de títulos públicos ou CDBs.

Como funcionam os FIDCs?

O funcionamento de um FIDC pode ser entendido em quatro etapas principais:

  1. Originação dos créditos: empresas (cedentes) vendem produtos ou serviços a prazo, gerando direitos creditórios;
  2. Cessão dos créditos ao fundo: os créditos são vendidos ao FIDC, que paga à empresa à vista, com desconto;
  3. Gestão e cobrança: o gestor do fundo administra a carteira, cobra pagamentos e controla o risco de inadimplência;
  4. Pagamento aos cotistas: conforme os créditos são pagos, o fundo distribui os rendimentos aos investidores, de acordo com a classe de cotas que possuem.

Essa estrutura transforma recebíveis em fluxo de caixa imediato para empresas e em oportunidade de investimento para quem aplica no fundo.

Quais são os tipos de FIDC?

Os FIDCs podem ser classificados de duas formas: pelo formato de funcionamento (aberto ou fechado) e pelo tipo de cota emitida.

FIDC aberto

Um FIDC aberto permite a entrada e saída de cotistas a qualquer momento, respeitando as regras do regulamento.

Isso garante maior liquidez, mas pode exigir que o fundo mantenha parte do patrimônio em caixa para resgates.

FIDC fechado

Já no caso do FIDC fechado, após o período inicial de captação, não é mais possível entrar ou sair livremente.

O investidor precisa aguardar o vencimento do fundo ou vender as cotas no mercado secundário. Por outro lado, o gestor tem mais estabilidade para administrar a carteira.

Tipos de cotas do FIDC

Um dos aspectos mais importantes para compreender o risco e o potencial de retorno de um FIDC é conhecer suas classes de cotas.

Cada tipo de cota representa uma posição diferente na hierarquia de recebimento do fundo e, consequentemente, um nível distinto de risco e rentabilidade.

Essa estrutura é fundamental para equilibrar a segurança de alguns investidores e a busca por ganhos maiores de outros.

Cotas sênior

As cotas sênior têm prioridade no recebimento dos pagamentos provenientes da carteira de direitos creditórios. Isso significa que, quando o dinheiro entra no fundo, a primeira destinação é para remunerar esse grupo.

Como a prioridade é alta, o risco de crédito é menor, já que as perdas, se ocorrerem, só afetam essas cotas depois de esgotados os recursos das classes subordinadas.

A contrapartida dessa segurança é uma rentabilidade geralmente mais baixa, mas estável, o que atrai investidores conservadores ou aqueles que desejam participar de FIDCs sem se expor a volatilidades mais acentuadas.

Cotas subordinadas

As cotas subordinadas são a base de sustentação do fundo. Elas absorvem as primeiras perdas em caso de inadimplência ou queda na performance dos recebíveis. Por isso, funcionam como uma espécie de “colchão de segurança” para proteger as cotas sênior.

Por assumirem maior risco, essas cotas também oferecem potencial de retorno mais elevado, sendo indicadas para investidores que aceitam volatilidade e buscam ganhos acima da média da renda fixa tradicional.

Cotas mezanino

As cotas mezanino são intermediárias na ordem de recebimento: têm prioridade maior que as subordinadas, mas menor que as sênior.

Por combinarem características de proteção parcial e potencial de ganho, oferecem um equilíbrio interessante para investidores que não são extremamente conservadores, mas também não desejam se expor integralmente ao risco das subordinadas.

Cotas de performance

As cotas de performance têm remuneração atrelada ao desempenho da carteira de ativos do fundo. Ou seja, o retorno não é fixo e pode variar conforme a performance dos recebíveis, indicadores de inadimplência e eficiência da gestão.

Em alguns casos, essas cotas são oferecidas aos próprios gestores ou estruturadores do fundo, funcionando como incentivo para que maximizem os resultados.

Para investidores, esse tipo de cota pode representar um risco elevado, mas também um potencial de ganho muito acima da média, especialmente em períodos de alta performance da carteira.

Qual a estrutura e componentes dos FIDCs?

investidoras conversando sobre os FIDCs

Um FIDC envolve vários participantes, cada um com papel específico:

●     Cotistas: investidores que aportam recursos;

●     Administrador: garante o cumprimento das normas e regulações;

●     Gestor: seleciona e gerencia os direitos creditórios;

●     Custodiante: guarda e controla os ativos do fundo;

●     Cedente: empresa que vende os créditos ao fundo;

●     Estruturador: organiza a criação do fundo e define suas regras.

Essa estrutura garante governança, controle e transparência.

Quais as vantagens e desvantagens dos FIDCs?

Os FIDCs oferecem uma série de vantagens, mas também apresentam alguns riscos e desvantagens que devem ser considerados pelos investidores.

Vantagens:

●      Diversificação: os FIDCs permitem a diversificação dos investimentos, diluindo os riscos ao investir em uma ampla gama de direitos creditórios;

●      Retornos potenciais: podem oferecer retornos atrativos em comparação com outros investimentos de renda fixa, especialmente em um cenário de baixa taxa de juros;

●      Gestão profissional: a presença de gestores especializados proporciona uma administração eficiente e profissional dos ativos.

Desvantagens:

●      Risco de inadimplência: os direitos creditórios podem não ser pagos pelos devedores, afetando o retorno do fundo;

●      Complexidade: a estrutura e operação dos FIDCs podem ser complexas, exigindo um entendimento aprofundado dos riscos envolvidos;

●      Custos: a administração e gestão dos FIDCs envolvem custos que podem reduzir os retornos líquidos para os investidores.

Qual a tributação dos FIDCs?

A tributação dos FIDCs segue a regra de fundos de renda fixa, com incidência de Imposto de Renda sobre os rendimentos, de forma regressiva:

●     22,5% até 180 dias;

●     20% de 181 a 360 dias;

●     17,5% de 361 a 720 dias;

●     15% acima de 720 dias.

Não há come-cotas para fundos fechados.

Quem pode investir em FIDCs?

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) são produtos de renda fixa estruturada com um nível de complexidade e risco mais elevado que outros investimentos tradicionais, como CDBs ou LCIs.

Por isso, a legislação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) estabelece restrições para o acesso a esse tipo de fundo, priorizando investidores com maior experiência e capacidade financeira para absorver eventuais perdas.

De forma geral, os FIDCs são destinados a:

1. Investidores qualificados

São aqueles que possuem mais de R$ 1 milhão investido em aplicações financeiras, devidamente comprovados por meio de declaração assinada.

Também se enquadram nessa categoria profissionais com certificações reconhecidas pelo mercado, como CPA-20, CEA, CFP, CGA e afins.

O racional por trás dessa exigência é simples: o investidor qualificado já teria um nível maior de conhecimento e experiência para compreender os riscos envolvidos, como inadimplência, liquidez reduzida e complexidade operacional.

2. Investidores profissionais

Enquadram-se nessa categoria instituições financeiras, fundos de investimento, companhias seguradoras, entidades de previdência complementar, investidores não residentes no Brasil e pessoas físicas ou jurídicas que possuam mais de R$ 10 milhões investidos e que atestem por escrito essa condição.

3. Investidores institucionais

Muitas vezes, os FIDCs também são adquiridos por grandes empresas, fundos de pensão, seguradoras ou mesmo outros fundos, como forma de diversificar carteiras e buscar retornos ajustados ao risco de crédito.

Como investir nos FIDCs?

Investir em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) exige mais do que simplesmente aplicar recursos, é preciso compreender a estrutura do produto, avaliar riscos e adotar uma estratégia alinhada ao seu perfil.

Diferente de investimentos mais simples, como CDBs, LCIs ou Tesouro Direto, os FIDCs demandam análise criteriosa e acompanhamento constante.

Para quem deseja começar com segurança, o passo a passo abaixo é essencial:

1. Conheça o mercado de direitos creditórios

Antes de aportar recursos, entenda o funcionamento do mercado de recebíveis e crédito corporativo no Brasil.

Pesquise quais setores estão mais ativos na emissão de direitos creditórios (como varejo, telecomunicações, agronegócio e saúde), avalie indicadores como taxas médias de inadimplência e acompanhe o cenário econômico, que influencia diretamente a capacidade de pagamento dos devedores.

2. Avalie seu perfil de investidor

Os FIDCs são indicados para investidores qualificados ou profissionais com maior tolerância ao risco e objetivos de médio a longo prazo. É importante considerar se você está preparado para lidar com:

●     Risco de crédito (possibilidade de inadimplência dos devedores);

●     Baixa liquidez (resgates podem demorar meses);

●     Complexidade do produto (análise detalhada dos créditos e da estrutura do fundo).

Se sua prioridade for previsibilidade e liquidez diária, talvez outros produtos de renda fixa sejam mais adequados.

3. Selecione o FIDC ideal

Ao escolher um fundo, observe atentamente:

●     Histórico de rentabilidade e consistência;

●     Qualidade e diversificação dos créditos cedidos;

●     Experiência e reputação do gestor;

●     Distribuição entre cotas sênior, subordinadas e mezanino;

●     Setores econômicos atendidos;

●     Política de mitigação de risco;

Comparar diferentes fundos e ler o regulamento e prospecto é fundamental para evitar surpresas.

4. Busque orientação especializada

Mesmo investidores experientes podem se beneficiar do apoio de assessores ou plataformas de investimentos que possuam análise própria de FIDCs.

Profissionais qualificados ajudam a identificar oportunidades alinhadas ao seu perfil e a compreender a relação risco-retorno de cada fundo.

5. Monitore o desempenho do fundo

Após investir, acompanhe regularmente os relatórios gerenciais, fatos relevantes e comunicados da CVM.

Isso permite reagir rapidamente a mudanças no cenário econômico ou na carteira de crédito do fundo. Atenção especial deve ser dada a aumentos de inadimplência ou alterações na classificação de risco.

Conclusão

gráficos ilustrativos representando os FIDCs

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) representam uma alternativa interessante para investidores que buscam diversificação e retornos potencialmente superiores em um ambiente de renda fixa, considerando também que têm um risco maior.

Compreender o funcionamento, os tipos, a estrutura e os riscos associados a esses fundos é essencial para tomar decisões de investimento informadas e alinhadas com seus objetivos financeiros.

Avalie cuidadosamente suas opções e consulte um especialista para garantir que esse tipo de investimento seja adequado ao seu perfil. Bons investimentos!

Disclaimer:

Este material foi elaborado pelo Banco Daycoval S.A. (“Daycoval”). As informações aqui contidas têm caráter exclusivamente informativo e não devem ser consideradas como recomendação de investimento ou oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários. Os fundos de investimento mencionados neste material podem não ser adequados para todos os investidores.

Recomenda-se que os investidores obtenham orientação financeira, compatível com seu perfil de investidor, antes de tomar decisões de investimento. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador do fundo, do gestor da carteira, de qualquer mecanismo de seguro ou do Fundo Garantidor de Créditos – FGC.

Para a avaliação de performance de fundos de investimento, recomenda-se um período mínimo de 12(doze) meses. Rentabilidade passada não representa garantia de resultados futuros. Recomenda-se a leitura cuidadosa do formulário de informações complementares, da lâmina de informações essenciais e do regulamento antes de investir. LEIA O REGULAMENTO ANTES DE INVESTIR.

A Ouvidoria do Banco Daycoval tem como objetivo atuar de forma independente e imparcial na mediação entre o Banco Daycoval, os clientes e os usuários de seus produtos e serviços e pode ser contatada por meio do telefone: Central de Atendimento 0800 777 0900 ou SAC 0800 775 0500 a disposição nos dias úteis, no horário das 9h às 18h.

ESTA INSTITUIÇÃO É ADERENTE AO CÓDIGO ANBIMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS DE INVESTIMENTO.

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