Cenário macroeconômico de março: inflação, juros e perspectivas para Brasil e EUA

Tempo de leitura: 3 minutos

Em fevereiro, os principais acontecimentos econômicos envolveram a evolução dos dados de inflação nos Estados Unidos e no Brasil, além de debates sobre a política monetária e comercial americana. O economista Julio Cesar de Mello Barros, do Banco Daycoval, analisou as implicações desses fatores para a trajetória dos juros e o crescimento econômico nas duas maiores economias das Américas.

Inflação e política monetária nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, os dados mais recentes do mercado de trabalho e de inflação seguem impondo desafios ao Federal Reserve (FED). Embora parte da surpresa altista no índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro possa ser atribuída a efeitos sazonais, a composição da inflação não trouxe sinais positivos. Diversos núcleos de inflação apresentaram deterioração.

Além disso, a política comercial do governo norte-americano tem gerado incertezas adicionais. O presidente dos EUA tem reforçado a intenção de adotar tarifas recíprocas sobre seus parceiros comerciais. Essa postura foi debatida pelos membros do comitê de política monetária do FED, que alertaram para a dificuldade em distinguir os efeitos temporários e permanentes dessas políticas sobre a inflação.

Apesar disso, o comitê enfatizou que não há pressa para novos cortes na taxa de juros. O entendimento atual é de que o mercado de trabalho encontra-se próximo do equilíbrio e, embora haja progresso no controle inflacionário, os riscos continuam voltados para a alta dos preços.

Segundo a análise do nosso economista , o cenário base ainda considera dois cortes na taxa de juros em 2025. Contudo, existe a possibilidade de o FED adotar uma postura mais cautelosa e não realizar novos cortes neste ano, principalmente se a economia norte-americana for sustentada por estímulos fiscais e comerciais com impacto inflacionário.

Inflação no Brasil e desafios para o Banco Central

No Brasil, o cenário macroeconômico também apresenta desafios importantes. A inflação segue pressionada e distante da meta estabelecida pelo Banco Central do Brasil. O boletim Focus indicou alta nas expectativas de inflação, enquanto os dados correntes revelaram piora na composição dos índices.

Os serviços subjacentes, principal núcleo de inflação, permanecem acima do nível desejado. A nossa projeção atual é de que a inflação continue subindo nos próximos meses, com previsão de 5,4% para 2025.

Por outro lado, há sinais de desaceleração em alguns setores da economia brasileira, como varejo, indústria e serviços, especialmente no último trimestre de 2024. A expectativa de uma safra agrícola recorde e a recente apreciação do real também podem contribuir para um cenário de inflação mais controlado no médio prazo. No entanto, os efeitos da depreciação cambial do ano anterior ainda não foram totalmente repassados aos preços, o que mantém a inflação com viés altista.

Perspectivas para a taxa Selic em 2025

Diante do atual cenário inflacionário e da desancoragem das expectativas, mantemos a projeção de alta para a taxa Selic. A expectativa é de um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), seguido por duas altas adicionais de 0,5 ponto percentual no segundo trimestre. Isso levaria a Selic para 15,25%, onde deverá permanecer até o final de 2025.

O retorno ao ciclo de cortes na taxa básica de juros só deve ocorrer em 2026, à medida que a inflação seja controlada e a economia apresente sinais mais consistentes de desaceleração.


Conclusão

O mês de fevereiro trouxe informações relevantes para o cenário macroeconômico de Brasil e Estados Unidos. A inflação continua sendo o principal desafio para as autoridades monetárias, tanto no âmbito doméstico quanto no internacional. As decisões de política monetária e comercial tomadas ao longo dos próximos meses serão fundamentais para definir o rumo dos juros e da atividade econômica em 2025.

📄 Acesse a apresentação completa em PDF aqui e acompanhe as análises do Banco Daycoval para se manter informado sobre as perspectivas econômicas.

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