No mês de novembro, importantes acontecimentos moldaram o cenário econômico global e nacional. Entre os destaques estão a vitória surpreendente de Donald Trump nos Estados Unidos e as atualizações no cenário econômico do Brasil, influenciadas por fatores internos e externos.
Acompanhe, neste artigo, os principais pontos da análise realizada pelo economista-chefe do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, e entenda as implicações econômicas desses eventos.
Sumário
ToggleCenário Internacional: O impacto da eleição de Donald Trump
A vitória de Donald Trump foi mais ampla do que indicavam as pesquisas. Ele garantiu não apenas a presidência, mas também o controle do Congresso pelos republicanos, conferindo ao novo governo grande capital político para implementar suas promessas de campanha.
No entanto, estudos, como o do Peterson Institute for International Economics, apontam riscos econômicos associados às medidas anunciadas:
- Deportação de imigrantes ilegais: A remoção de 1,3 milhão de imigrantes poderia reduzir o PIB americano em 1% a longo prazo e elevar a inflação em 0,4% entre 2025 e 2028.
- Tarifas sobre produtos importados: A imposição de uma taxa de 10% sobre produtos de parceiros comerciais poderia reduzir o PIB em 0,4% e elevar a inflação em 0,5% no mesmo período. Caso ocorra retaliação comercial, os impactos podem chegar a -0,9% no PIB e +1,0% na inflação.
Essas pressões inflacionárias podem levar o Federal Reserve (FED) a revisar sua política monetária, interrompendo o ciclo de queda da taxa de juros, representando um dos principais riscos para 2025.
Cenário Nacional: Revisão de Projeções Econômicas
No Brasil, o cenário econômico foi revisado com base em três fatores principais:
- Maior percepção de risco: O aumento do risco externo, combinado com incertezas fiscais internas, mantém as expectativas de inflação elevadas.
- Taxa de câmbio desvalorizada: A expectativa do dólar subiu para R$ 5,70, ante R$ 5,40, pressionando a inflação nos próximos trimestres.
- Resiliência da atividade econômica: O desempenho econômico acima do esperado indicou um ambiente mais inflacionário.
Esses elementos resultaram em revisões para a inflação esperada:
- Inflação de 2024: Reajustada de 4,4% para 4,5%.
- Inflação de 2025: Subiu de 3,5% para 4,0%.
Para conter essas pressões, o Banco Central deve adotar medidas mais rígidas, aumentando a taxa SELIC para 13,25%. Esse aperto monetário deve desacelerar a atividade econômica, impactando o crescimento do PIB em 2025, revisado de 1,9% para 1,6%.
Conclusão
A combinação de fatores internos e externos aponta para um cenário adverso nos próximos anos, caracterizado por:
- Dólar mais valorizado;
- Inflação elevada;
- Taxa de juros mais alta;
- Desaceleração econômica.
Embora o crescimento econômico de 2024 tenha sido revisado para 3,2%, o impacto do cenário global e das políticas monetárias deve limitar a expansão em 2025.
Para acessar a análise completa e detalhada, baixe o relatório em PDF disponível aqui.