Por Patrick Cruz
Com 12 anos completados ao fim de março, o Daycoval Multiestratégia é um dos mais longevos fundos de investimento criados pela Daycoval Asset Management, entre os atualmente ativos. Pode-se dizer que o fundo já tem experiência na travessia de crises. Já estava em operação na recessão que o Brasil enfrentou de 2014 a 2016 e também na crise financeira global de 2008-2009. O fundo conseguiu um feito raro para multimercados de perfil de risco moderado, como ele: atravessar esses dois longos intervalos de estresse econômico sem um único mês de retorno negativo.
Em 145 meses de operação, o Multiestratégia registrou apenas um de retorno negativo (foi em maio de 2018, e o recuo foi de apenas 0,03%). Nenhuma crise se compara à desencadeada pelo novo coronavírus, é verdade. Além disso, como bem sabem investidores experimentados, desempenho no passado não é garantia de resultado no futuro. Mas o histórico de resiliência do Multiestratégia em momentos de crise econômica já apareceu nos primeiros meses de pandemia: a trajetória de 144 meses de retorno positivo inclui o intervalo de janeiro a abril de 2020, quando os mercados já haviam sido abalados pelo alastramento da covid-19.
O objetivo do Daycoval Multiestratégia é gerar retornos superiores ao CDI no médio prazo. Os retornos, que costumam ficar na faixa de 130% a 140% do CDI, têm sido similares aos do IHFA, indicador da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) que serve como referência para a indústria de hedge funds (e de fundos multimercado), afirma Anand Kishore, gestor da Daycoval Asset Management. E com uma vantagem nada desprezível, especialmente em um momento de incerteza econômica: o desempenho do Multiestratégia tem sido obtido sem que sua carteira sofra muitos altos e baixos. Nos últimos 12 meses, a volatilidade do fundo foi de 1,57%.
“No ano passado, com a bolsa em forte alta, alguns fundos atingiram retorno muito altos. Esses mesmos fundos tiveram muitas perdas com a chegada da covid-19”, diz Kishore. “Não queremos esse tipo de volatilidade. Nossa meta é manter bons retornos, mas com a menor volatilidade possível. Em uma crise, isso gera tranquilidade para o cotista.”
A estratégia é amenizar riscos
O gestor explica que a alocação de recursos do Daycoval Multiestratégia segue uma lógica de amenizar os riscos de mercado sempre que possível e não buscar retornos a qualquer custo. Foi o que guiou a mudança das posições do fundo em índices de bolsa, por exemplo. Kishore conta que, quando começou a ficar claro que os mercados acionários seriam fortemente afetados pelo coronavírus, o fundo assumiu uma posição “vendida” na bolsa brasileira e “comprada” em S&P 500, indicador de referência das bolsas americanas. Assim, além de a decisão permitir a alocação de recursos em renda variável, a recuperação da bolsa americana – que deve ocorrer antes que a da brasileira, segundo a leitura dos gestores do fundo – tende a contrabalançar eventuais perdas na brasileira. A lógica de pesos e contrapesos também guia a posição “comprada” em dólar e “vendida” em juros pré-fixados, relata Kishore.
Ele explica ainda que, ao contrário do que supõem muitos investidores, não é por ser multimercado que o fundo precisa necessariamente ter uma fatia em renda variável. “Nós estamos sempre atentos aos riscos do mercado. É preciso ter humildade e reconhecer a possibilidade de perdas e que não se pode enxergar todos os riscos sempre. Se for preciso zerar posições em ações para amenizar as ameaças do mercado, nós fazemos isso. Nós levamos a avaliação dos riscos muito a sério.”
Desempenho do Daycoval Multiestratégia
Em abril, mês de muito estresse no mercado, o Multiestratégia atingiu uma rentabilidade de 193,7% do CDI; no ano, ela está em 144%. Com aplicação inicial baixa, de apenas R$ 500, taxas de administração de 1% ao ano e de performance de 20% sobre que exceder o CDI, o fundo atingiu no mês passado um patrimônio líquido de R$ 148,8 milhões, montante 63,5% superior à média apurada nos últimos 12 meses – e nada menos que sete vezes maior que o cerca de R$ 20 milhões de dois anos atrás. Também em abril, o Multiestratégia foi reconhecido pela empresa de análise de fundos Morningstar como um fundo cinco estrelas. Essa é a maior nota que pode ser atribuída a um fundo, e apenas os 10% melhores do mercado doméstico a recebem.