Aqui no Blog do Daycoval, toda segunda-feira, você acompanha os principais acontecimentos do mercado financeiro previstos para a semana e os comentários do nosso analista de investimentos Gabriel Mollo. Confira:
Sumário
Toggle- Payroll dos EUA reforça expectativas de corte de juros pelo Fed
- Eleições na União Europeia e avanço populista geram atenção nos mercados
- Governo apresenta proposta oficial para substituição do IOF
- Pressão sobre o arcabouço fiscal volta à cena
- Juros e câmbio reagem ao payroll, mas risco fiscal limita alívio
- Bolsa brasileira abre a semana em alta com impulso externo
- IPCA, ata do Copom e CPI nos EUA movimentam a agenda da semana
- Emissões externas seguem aquecidas com câmbio favorável
- Conclusão: agenda fiscal define espaço para recuperação dos ativos
Payroll dos EUA reforça expectativas de corte de juros pelo Fed
Os mercados globais iniciam a semana em alta após o payroll dos EUA vir abaixo do esperado na sexta-feira, reforçando a aposta de corte de juros pelo Fed ainda em setembro. Foram criadas 272 mil vagas em maio, acima do consenso de 185 mil, mas a taxa de desemprego subiu para 4%, e os dados de abril foram revisados para baixo — sugerindo moderação no ritmo de contratações. O dado reforça a narrativa de um mercado de trabalho em transição: ainda aquecido, mas com sinais de perda de fôlego. Isso sustenta a visão de que o Fed poderá iniciar um ciclo de cortes em breve, ainda que de forma cautelosa. O CME FedWatch aponta agora mais de 50% de chance de corte em setembro.
Eleições na União Europeia e avanço populista geram atenção nos mercados
Na Europa, o foco está nas eleições parlamentares da União Europeia e na reação dos mercados ao avanço de partidos populistas em países como França e Alemanha. O euro opera com leve volatilidade, enquanto os índices acionários acompanham o tom positivo vindo dos EUA.
Governo apresenta proposta oficial para substituição do IOF
No Brasil, o destaque é a apresentação da proposta oficial do governo para a substituição do IOF, entregue no fim de semana aos líderes do Congresso. A medida busca compensar a perda de arrecadação com o fim da cobrança sobre operações internacionais, atendendo à exigência da OCDE. A proposta inclui mudanças em impostos sobre operações financeiras e medidas para melhorar a arrecadação com ativos de brasileiros no exterior. Ainda assim, a avaliação inicial no Congresso é de ceticismo — parlamentares apontam risco de judicialização e dificuldade de tramitação rápida.
Pressão sobre o arcabouço fiscal volta à cena
A semana também começa com atenção renovada ao arcabouço fiscal. Técnicos do Tesouro defendem medidas adicionais de corte de despesas, mas enfrentam resistência política. A percepção é de que o governo precisa recuperar o protagonismo na agenda econômica para conter a deterioração das expectativas.
Juros e câmbio reagem ao payroll, mas risco fiscal limita alívio
A curva de juros brasileira começa a semana com leve alívio, refletindo o payroll americano e a expectativa de alguma sinalização mais firme do governo após a entrega da proposta de substituição do IOF. No entanto, o alívio é limitado pelo risco fiscal doméstico. O IGP-DI de maio, divulgado na sexta, registrou deflação de -0,63%, vindo dentro das expectativas. Apesar disso, os sinais de inflação de serviços ainda elevada mantêm o debate sobre os próximos passos do Banco Central.
O real inicia a semana em alta frente ao dólar, impulsionado pelo enfraquecimento global da moeda americana após o payroll e pela melhora no apetite ao risco. Ainda assim, a moeda brasileira segue sensível ao noticiário fiscal — qualquer ruído adicional pode limitar os ganhos.
Bolsa brasileira abre a semana em alta com impulso externo
A bolsa brasileira acompanha o otimismo externo e abre a semana com viés positivo. A valorização das commodities, especialmente o minério de ferro, contribui para o bom humor. O fluxo estrangeiro segue sendo fator de sustentação, embora a cautela com o cenário fiscal limite movimentos mais firmes. Investidores esperam agora a reação do Congresso à proposta do IOF para calibrar apostas sobre ativos locais. Uma boa sinalização pode abrir espaço para novas máximas no curto prazo.
IPCA, ata do Copom e CPI nos EUA movimentam a agenda da semana
De forma geral, a agenda está mais esvaziada para os próximos dias, mas ganha tração a partir de terça-feira com a divulgação do IPCA de maio, dado-chave para as expectativas inflacionárias. Na quarta, o Copom publica a ata de sua última reunião, que pode esclarecer a divisão interna do comitê sobre os próximos passos da Selic.
No exterior, atenção para o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI), na quarta-feira, que pode influenciar as apostas sobre o ritmo de cortes de juros pelo Fed.
Emissões externas seguem aquecidas com câmbio favorável
As empresas brasileiras seguem ativas no mercado internacional. Com o câmbio favorável e o juro global em queda, novas emissões externas devem ser anunciadas nos próximos dias. O setor de infraestrutura tem se destacado, aproveitando o apetite estrangeiro por projetos de longo prazo.
Conclusão: agenda fiscal define espaço para recuperação dos ativos
Com alívio nos mercados globais e espaço para recuperação dos ativos brasileiros, o pano de fundo fiscal segue sendo o principal ponto de atenção. O governo deu o primeiro passo ao apresentar a proposta de substituição do IOF, mas precisará articular bem com o Congresso para garantir credibilidade. Se houver avanço na agenda fiscal e os dados do IPCA vierem benignos, os juros podem aliviar e o real ganhar tração. Caso contrário, o risco é de retomada da pressão sobre os ativos locais, mesmo com um cenário externo mais favorável.