O que pode definir o rumo do dólar em 2026? Para responder a essa pergunta, Otávio Oliveira, Gerente de Tesouraria do Banco Daycoval, traz uma análise detalhada dos principais fatores que devem influenciar o câmbio no próximo ano — desde a política comercial dos Estados Unidos até o comportamento dos juros no Brasil.
Assista ao vídeo completo com a análise do Otávio:
Ao longo deste artigo, você confere os pontos que podem fortalecer ou pressionar a moeda americana e como esses movimentos podem impactar investidores.
Dólar em novembro: ponto de partida para 2026
Em novembro, o dólar chegou a registrar mínima abaixo de R$ 5,26, mas rapidamente retomou força e voltou a operar acima de R$ 5,30, mantendo esse patamar até o final do mês.
Esse movimento reforça um comportamento já conhecido: o câmbio está especialmente sensível a sinais políticos e de política monetária — tanto no exterior quanto no Brasil.
Dois eixos principais devem guiar as expectativas para 2026:
- Fatores externos, ligados aos Estados Unidos e ao fluxo global de capitais.
- Fatores domésticos, que incluem juros, fiscal e eleições no Brasil.
A política comercial americana segue no centro da pauta
O ano de 2025 foi marcado pela forte atuação do governo Donald Trump, com revisões de acordos e imposição de novas tarifas, especialmente envolvendo China e outros parceiros comerciais.
Há muito o mercado não via tensões tão intensas — e a tendência é que 2026 mantenha esse ritmo.
Essa postura pode influenciar o dólar de duas formas:
- Aumentando a incerteza global, o que geralmente fortalece a moeda americana.
- Reconfigurando fluxos comerciais, com impacto direto nos investimentos internacionais.
Expectativa de novos cortes de juros nos EUA
Os mercados já precificam uma nova queda nos juros americanos ainda em 2025, possivelmente na próxima reunião do Federal Reserve (FED), marcada para 9 e 10 de dezembro.
E por que isso importa?
- Juros mais baixos nos EUA tornam os investimentos locais menos atrativos.
- Investidores passam a buscar mercados emergentes com retorno superior — como o Brasil.
- Isso pode gerar um fluxo maior de dólares para o país, fortalecendo o real.
Ou seja: se o corte se confirmar, o dólar pode perder força diante de moedas emergentes.
Juros no Brasil: estabilidade antes da virada
Internamente, o mercado já trabalha com a possibilidade de cortes na taxa básica de juros somente entre fevereiro e março de 2026.
Até lá, a manutenção dos juros em níveis elevados:
- Aumenta a atratividade do Brasil para o investidor estrangeiro.
- Pode sustentar um real mais forte, ao menos no curto prazo.
Essa combinação — juros caindo lá fora e estáveis aqui — pode favorecer o Brasil no fluxo internacional.
Cenário fiscal e gastos públicos em discussão
Mesmo com indicadores positivos, como desemprego em queda, arrecadação em alta e inflação convergindo para a meta, o aumento dos gastos do governo, especialmente em ano eleitoral, ainda preocupa. O risco fiscal pode limitar a entrada de capital estrangeiro e trazer volatilidade ao câmbio.
Eleições de 2026: mais volatilidade à vista
O ambiente eleitoral brasileiro costuma gerar incerteza, e 2026 não deve fugir à regra.
Além disso:
- Não há um desenho claro sobre todos os candidatos que vão disputar a presidência.
- O debate fiscal deve ganhar mais intensidade.
- O dólar tende a reagir rapidamente a mudanças no cenário político.
Resultado: a volatilidade deve aumentar ao longo do ano, principalmente no segundo semestre.
Conclusão: 2026 deve ser um ano decisivo para o câmbio
A soma de fatores externos (como decisões do governo americano e política monetária nos EUA) e internos (como juros, fiscal e eleições) deve tornar o câmbio um dos indicadores mais sensíveis de 2026.
Para o investidor, acompanhar esses movimentos é essencial para identificar oportunidades, proteger a carteira e tomar decisões mais estratégicas.
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