Com o fim de abril, o mercado global encontra espaço para respirar após um período de forte volatilidade, marcado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. As recentes movimentações, lideradas por Donald Trump, impactaram todas as frentes da economia mundial.
Nesta análise exclusiva, Otávio Oliveira, Gerente de Tesouraria do Banco Daycoval, comenta os principais fatores que influenciaram o mercado em abril e traz as perspectivas do dólar para o mês de maio.
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Sumário
ToggleA volatilidade de abril: tarifas americanas e seus impactos
Abril foi um mês turbulento para o mercado financeiro. A queda de braço dos Estados Unidos com o resto do mundo provocou reações em absolutamente todas as frentes possíveis da economia global.
As tarifas impostas pelo governo americano foram utilizadas como estratégia para desvalorizar o dólar e incentivar o retorno de investimentos, principalmente no setor de manufatura, para dentro dos Estados Unidos.
Em um primeiro momento, moedas ao redor do mundo obtiveram ganhos frente ao dólar, com investidores ajustando suas expectativas. Contudo, a aversão ao risco ganhou força, provocando uma forte valorização do dólar em relação às moedas emergentes.
O real brasileiro foi bastante impactado, com o dólar atingindo níveis próximos de R$6,10, patamar não visto desde o final de dezembro.
Recuperação no final do mês: real ganha fôlego
Ao longo dos últimos dias de abril, o mercado passou a atuar com mais cautela. A diminuição da animosidade de Trump trouxe algum alívio ao ambiente de negociações.
Com isso, o real voltou a se apreciar e aparenta fechar abril abaixo de R$5,70. Essa valorização foi impulsionada muito mais por movimentos externos do que por fatores internos da economia brasileira.
Ainda assim, é importante lembrar: caso Trump volte a endurecer o discurso sobre tarifas, o movimento de saída de risco pode rapidamente fazer o dólar retomar níveis elevados, como vimos recentemente.
Cenário interno: sinais mistos para o real
Olhando para dentro do Brasil, não há grandes alterações que possam, por si só, fortalecer o real.
Observa-se uma queda gradual no desemprego, o que é positivo para a economia, mas a inflação começa a ganhar protagonismo e se torna um tema cada vez mais debatido no mercado.
A expectativa é de que ainda haja espaço para mais uma alta da SELIC na próxima reunião do COPOM, embora provavelmente sem espaço para novos aumentos posteriores.
Além disso, o tema dos gastos públicos e da política fiscal continua relevante e deve seguir influenciando tanto os juros quanto o comportamento do câmbio.
Em resumo, o real segue mais sensível ao que acontece no exterior do que às condições internas.
Expectativas para maio: estabilidade ou nova turbulência?
Olhando para frente, o mercado pode observar uma manutenção dos patamares atuais do dólar contra o real, caso não haja grandes mudanças no cenário externo.
É possível que o dólar se mantenha relativamente estável nos próximos 90 dias — prazo relacionado à avaliação das políticas tarifárias de Trump.
No entanto, caso as negociações fracassem ou o assunto das tarifas volte a ganhar destaque, o movimento de aversão ao risco pode se intensificar rapidamente.
Se isso ocorrer, o dólar pode voltar a subir de maneira tão rápida quanto foi na última alta.
Conclusão
Após um abril de muita volatilidade, o mercado inicia maio em um tom mais cauteloso. Apesar da valorização recente do real, a atenção segue voltada às movimentações de Donald Trump e às possíveis novas medidas tarifárias.
O cenário interno brasileiro, embora mostre sinais de recuperação em algumas áreas, ainda não é suficiente para garantir uma valorização sustentável da moeda nacional sem o suporte de um ambiente externo favorável.
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