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Balanço: como identificar se uma empresa é boa para investir?

Por Patrick Cruz

Nos últimos meses, depois de a taxa básica de juros descer a níveis historicamente baixos e atingir os inéditos 3% ao ano atuais, caiu muito o rendimento das aplicações em renda fixa. Isso tem levado investidores pouco afeitos à renda variável a procurar alternativas de diversificação em ações e fundos de ações. Com a covid-19, muitos desses investidores vivem sua primeira crise aguda na bolsa e, quase que instintivamente, entendem que é hora de buscar o porto mais seguro possível, até a tempestade passar. Logo aprendem que, na bolsa, esses ancoradouros são as empresas reconhecidas por terem “balanço forte”.

Como identificar um balanço forte?

Mas o que é esse conceito e como identificar companhias de “balanço forte”?

De saída, é preciso esclarecer: não há uma regra fixa para definir o que faz uma companhia ter ou não um balanço forte. “Em geral, a expressão faz referência a empresas com boa geração de caixa e que pagam dividendos de maneira consistente”, explica Enrico Cozzolino, estrategista de renda variável da Daycoval Investimentos. “Mas, para avaliar a força dos resultados, é preciso considerar o momento de cada companhia.”

O balanço é uma fotografia estática da situação da empresa no passado. Assim, em um exemplo hipotético, dizer que uma varejista teve lucro líquido de R$ 200 milhões no trimestre e que o resultado cresceu 15% em relação ao mesmo período do ano anterior, embora soe positivo, não conta toda a história. O mercado faz projeções para o futuro da empresa ao considerar um determinado resultado no passado. Nesse mesmo exemplo, se o lucro da empresa cresceu 15%, mas o que se esperava era crescimento de 25%, há quem veja esse como um sinal de que a operação não era tão robusta quanto se estimava – e as ações da empresa caem.

Na crise do novo coronavírus, estão se valorizando na bolsa empresas que têm conseguido gerar caixa mesmo em um cenário adverso como o atual. Um dos casos mais emblemáticos tem sido o da Magazine Luiza. As ações da varejista já se recuperaram do tombo causado pela crise – e isso em um cenário que, entre outras medidas, exigiu o fechamento de lojas físicas. Em relação a seu menor valor no ano, atingido em 18 de março, os papéis da empresa subiram 90%, até 15 de maio. 

Investimentos defensivos

A expectativa com a geração de caixa no futuro compõe o preço da ação no presente. Assim, em momentos de instabilidade como o atual, muitos investidores voltam-se a segmentos vistos como “defensivos”. Nessa lista estão os setores de saneamento e energia. Eles são considerados defensivos não porque suas ações se desvalorizem menos durante crises, mas porque, como as empresas têm contratos de longo prazo, com preços definidos desde o início, seu horizonte de receitas é mais previsível. Na prática, a tendência é que o valor de suas ações oscile menos em cenários de instabilidade.

“O fluxo de caixa desses setores é mais previsível do que, por exemplo, os de consumo”, afirma Cozzolino. Há menos variáveis a considerar na operação da companhia de transmissão de energia Taesa, exemplifica ele, do que na do frigorífico Marfrig. Companhias como a Taesa, de serviços de utilidade pública, estão menos sujeitas a fatores que impactam de maneira mais direta exportadoras como a Marfrig, como desaceleração do comércio internacional, interrupção da cadeia logística em virtude da pandemia ou grandes oscilações nas taxas de câmbio.

Decidir qual desses setores é mais adequado para o portfólio do investidor dependerá de seu perfil, de sua tolerância ao risco e de sua expectativa de retorno. Assim como a rentabilidade dos investimentos, o passado de uma empresa não é garantia de que ela manterá seus resultados operacionais no futuro. Mas o histórico dá pistas sobre a capacidade da companhia de seguir gerando caixa – e isso é determinante para o desempenho de suas ações.

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