A mediana das projeções dos economistas para a taxa Selic no fim de 2023 no Relatório Focus do Banco Central exibiu queda pela primeira vez desde maio de 2022. Mesmo com incertezas relacionadas às metas de inflação, algumas casas revisaram suas projeções para juros menores no fim de 2023.
Em entrevista ao Valor Econômico, o economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, afirma que o mercado estava temeroso quanto a um cenário com ausência de regras fiscais, mas o arcabouço fiscal reduziu estes riscos. “Quando esses riscos são retirados da conta, as pessoas que acreditavam nos cenários mais negativos começam a antecipar o início dos cortes nos juros”, afirma
Apesar disso, Cardoso é mais cético em relação à precificação da Selic na curva de juros, que embute alguma chance de desaperto monetário já em junho. “Um dos grandes temas para o BC cortar os juros, que é o arcabouço, está parcialmente clarificado, mas ainda existem algumas incertezas. No entanto, existem outros problemas, como a possível revisão da meta de inflação em junho. E, por mais que o BC veja a atividade cedendo na margem e a inflação corrente convergindo, as expectativas seguem acima da meta. A reunião do CMN de junho é importante para superar essa incerteza”, afirma.
Selic deve cair ainda em 2023
Para o economista, a autoridade monetária poderá antecipar o ciclo de flexibilização monetária para agosto, mas não para o segundo trimestre, já que a reunião do CMN de junho só vai acontecer depois da decisão do Copom.
“Parece mais prudente, pela ótica do BC, observar a reação das expectativas de inflação por algumas semanas e só a partir de então começar a reduzir os juros. Se o BC optar por uma atitude mais prudente, só sinalizaria algo em agosto e começaria a reduzir a taxa Selic somente em setembro”, afirma Cardoso, que projeta o juro básico em 12,5% no fim deste ano e em 9% em 2024.
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