
O mercado financeiro global volta suas atenções para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), marcada para setembro de 2025, quando é esperado o início de um novo ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.
Essa decisão, que pode reduzir o custo do dinheiro no maior mercado do mundo, tem potencial de influenciar diretamente os investimentos no Brasil — desde a renda fixa até o câmbio, passando pela bolsa e pelos fundos internacionais.
Para entender melhor esse cenário e seus desdobramentos, os especialistas do Banco Daycoval compartilharam suas análises exclusivas sobre os possíveis impactos para diferentes classes de ativos.
Sumário
ToggleO cenário internacional e a expectativa pelo FED
O Federal Reserve manteve os juros entre 4,25% e 4,50% desde o fim de 2024, em uma tentativa de equilibrar a inflação persistente e os riscos ao mercado de trabalho. Porém, as condições econômicas vêm indicando espaço para uma flexibilização.
Jerome Powell, presidente do Fed, já reconheceu publicamente que há possibilidade de cortes em breve, embora tenha evitado se comprometer com a intensidade e velocidade desse ciclo.
A decisão da reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) nos dias 16 e 17 de setembro de 2025 será crucial para o direcionamento das expectativas de investidores globais.
No Brasil, a taxa Selic segue em 15% ao ano, mantendo o país entre os mais atrativos para investimentos em renda fixa. Esse diferencial de juros entre as duas maiores economias das Américas pode ser determinante para a entrada de capitais estrangeiros, valorização do real e novas oportunidades para investidores.

Renda variável: ambiente mais favorável para ações
Segundo Gabriel Mollo, Analista de Renda Variável do Banco Daycoval, a possível decisão do Fed cria um cenário otimista para os mercados acionários:
Segundo Mollo, a expectativa de corte na taxa de juros pelo FED em setembro tende a gerar um ambiente mais favorável para a renda variável global, estimulando fluxos de capital em direção a ativos de maior risco, incluindo ações.
“Para os mercados emergentes, como o Brasil, a redução dos juros norte-americanos pode resultar em valorização do câmbio local frente ao dólar e aumento da atratividade de investimentos em bolsa, impulsionando setores sensíveis a crédito e consumo”, afirma o analista.
Além disso, juros americanos mais baixos reduzem o custo de financiamento internacional e elevam a liquidez global, reforçando o apetite por risco e potencializando ganhos para investidores em mercados emergentes.”
Renda fixa: oportunidades em títulos de longo prazo
A visão sobre a renda fixa foi detalhada por Paulo Henrique Oliveira, Estrategista de Investimentos do Banco Daycoval.
“Historicamente, ativos de risco costumam performar melhor nessas mudanças de ciclos monetários, todavia, ainda vislumbramos boas oportunidades na Renda Fixa.
Em nossa visão, é o momento de alongar a duration da carteira de Renda Fixa. O Copom tem sinalizado que a Selic permanecerá alta por ‘bastante tempo’ e o mercado precifica que os cortes se iniciem apenas no primeiro trimestre de 2026.”
Oliveira destaca que, com a Selic alta e o Fed reduzindo juros, o diferencial entre Brasil e EUA aumenta, atraindo capital estrangeiro e fortalecendo o real. Esse movimento reduz a pressão inflacionária e pode antecipar cortes da Selic mais intensos que os já previstos.
Um exemplo prático dado pelo especialista é a NTN-F 2035, título pré-fixado que, em agosto de 2025, oferecia taxa de 13,925% a.a..
De acordo com o estrategista, nessa taxa, o capital dobra de valor em 6 anos. E considerando a duration do título de aproximadamente 5,82 anos, se a curva de juros se reduzir em 200 pontos-base (algo factível em nossa visão), o título obteria ganhos de marcação a mercado de aproximadamente 11%.
“Dessa forma, acreditamos que o investidor está sendo muito bem remunerado para aguardar. Acreditamos que há muitos upsides na curva de juros e quem possuir um horizonte de investimentos mais longo, pode obter bons ganhos de capital com riscos controlados”, conclui.
Câmbio: real pode se valorizar com corte do Fed
O câmbio é uma das variáveis mais sensíveis à política monetária americana. Otávio Oliveira, Gerente de Tesouraria do Banco Daycoval, avalia os impactos dessa possível decisão para a moeda brasileira:
“O movimento do dólar em relação ao real depende fortemente do fluxo de capitais internacionais. Em linhas gerais, juros mais baixos nos EUA reduzem a atratividade dos ativos americanos e incentivam investidores a buscar melhores retornos em países emergentes como o Brasil.”
Com a Selic em 15%, o país se torna um destino atrativo para o carry trade — quando investidores tomam empréstimos em mercados de juros baixos e aplicam em mercados de juros altos.
“Esse movimento aumenta a entrada de dólares no país, amplia a oferta da moeda e, em consequência, tende a valorizar o real. Assim, a cotação do dólar pode recuar em setembro se o corte for confirmado e bem recebido pelo mercado.”
Também é válido lembrar que a política tarifária dos EUA no mundo vem afetando o preço do próprio dólar em si, que vem sofrendo uma desvalorização ao longo dos últimos meses. Ou seja, o próprio dólar vem perdendo certo valor independentemente de fatores domésticos no Brasil.
Ainda assim, Oliveira ressalta que fatores internos, como tensões políticas e dinâmica fiscal, podem limitar essa valorização. Além disso, o cenário internacional carrega riscos difíceis de prever, como a recente crise comercial entre EUA e Brasil. O que pode gerar volatilidade.
Fundos internacionais e hedge: impactos distintos entre classes de ativos
Para investidores que aplicam em fundos internacionais, os efeitos também variam conforme a classe de ativo. Segundo Fabio Zaclis, Gestor de Renda Variável da Daycoval Asset:
De acordo com Zaclis, embora o mercado já tenha precificado um aumento significativo da probabilidade de corte de juros na reunião de setembro do FOMC, a retomada do ciclo de cortes e comunicação sobre os passos seguintes podem impactar significativamente os preços de mercado.
Nos fundos de investimento internacionais, tipicamente o cliente tem exposição a uma CLASSE DE ATIVOS e pode ter ou não exposição CAMBIAL.
“Períodos de juros mais baixos nos EUA tendem a propiciar um dólar mais fraco. Quanto às classes de ativo, o impacto é distinto para fundos internacionais de Renda Variável e Renda Fixa. Para a Renda Variável, a redução do custo de capital tende a elevar o valor das ações (em dólar), aumentando os múltiplos de valuation e impulsionando setores mais sensíveis a juros, como tecnologia e consumo discricionário. Além disso, a maior liquidez costuma reforçar o fluxo comprador para ações em geral”, analisa o gestor.
Zaclis complementa: “Já na Renda Fixa, a queda das taxas eleva o preço dos títulos já emitidos, beneficiando especialmente fundos com maior duration em Treasuries e crédito corporativo de qualidade. No entanto, para fundos que investem em papéis de curto prazo (“money market funds”), a redução dos yields implica compressão de retorno corrente, o que pode levar investidores a reavaliar alocação entre classes de ativos.”
Conclusão
A expectativa de corte dos juros pelo Fed em setembro de 2025 é um dos eventos mais aguardados do mercado financeiro neste ano. Como mostraram os especialistas do Banco Daycoval, os impactos podem ser significativos:
- Renda variável: maior fluxo de capitais para ações, beneficiando setores ligados a consumo e crédito.
- Renda fixa: oportunidade em títulos longos, com potencial de ganho de marcação a mercado.
- Câmbio: valorização do real diante do maior diferencial de juros, embora riscos internos e externos sigam no radar.
- Fundos internacionais: impactos positivos para ações e títulos longos, mas negativos para fundos de curto prazo.
Para os investidores brasileiros, o momento exige atenção, análise cuidadosa e diversificação. O cenário pode abrir janelas de oportunidade únicas para quem estiver bem posicionado.
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