São Paulo, 15/05/2025 – O Banco Daycoval registrou alta de 32,8% em seu lucro líquido recorrente no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 473,1 milhões, enquanto o retorno sobre o patrimônio recorrente chegou a 26%. “Temos uma forte disciplina na concessão de novos créditos e priorizamos margens em detrimento a um crescimento maior de nossas carteiras”, disse o diretor de tesouraria e relações com investidores do Banco Daycoval, Paulo Saba.
No primeiro trimestre, a carteira de crédito do Daycoval totalizou R$ 62,2 bilhões, um avanço de 12,8% em relação ao mesmo período de 2024. Saba afirma que as carteiras voltadas ao crédito para empresas, a maior do banco, se comportaram muito bem, apesar das dificuldades que elas enfrentam, dada a escalada da Selic para próximo de 15%. “O cenário de juro elevado bate na canela dos clientes”, afirma. No trimestre, a carteira de crédito a empresas cresceu 14% em base anual para R$ 42,8 bilhões.
Mesmo assim, Saba diz que os indicadores de inadimplência e despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) – excluindo o impacto da resolução 4966 do Banco Central – se comportaram muito bem. O motivo, acrescenta Saba, está no mercado de capitais de dívida capaz de absorver necessidades de liquidez das companhias. “Temos um sistema para-bancário robusto, que tem ajudado a diluir os riscos”, afirma.
O Daycoval tem, inclusive, resolvido em casa algumas das necessidades de seus clientes, por meio de sua área de originação e estruturação de operações para captação no mercado de dívida, especialmente por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FDICs), Fundos de Investimento em Participações (FIP) e Fundos Imobiliários. Essa é uma área que tem gerado receitas ao banco e na qual o Daycoval vem investindo.
Saba não descarta, entretanto, uma piora dos indicadores de inadimplência, à medida que o efeito do juro se acumule e se some a possibilidade de um enfraquecimento do PIB, até aqui puxado pelo setor do agronegócio.
O índice de inadimplência, que considera as operações vencidas há mais de 90 dias em relação ao saldo total da carteira de crédito, registrou um leve aumento de 0,4 ponto porcentual, alcançando 2,3% no primeiro trimestre, ante 1,9% no quarto trimestre. No trimestre, o saldo das despesas com provisões para perdas com crédito subiu para R$ 2,071 bilhões, sob efeito da resolução 4966, que entrou em vigor este ano e prevê a constituição de provisão a partir do critério de perda esperada.
Em termos de diversificação das áreas de atuação do banco, um grande destaque citado é o serviço de custódia e administração de fundos prestados a 204 gestoras, entre as quais, de grandes instituições financeiras, que juntos carregam R$ 150 bilhões em ativos. O montante representa um crescimento de 49% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
Consignado
Apesar das margens apertadas, o Daycoval reduziu a produção de crédito consignado INSS somente neste primeiro trimestre e entende que pode retomar os patamares de R$ 1,1 bilhão mensais daqui para à frente. O executivo do banco explica que o banco tem uma originação eficiente e que, mesmo que pequena, a margem do produto é positiva. O Daycoval tem 400 convênios firmados na linha do consignado público.
A carteira de crédito consignado INSS do Daycoval somou R$ 16,3 bilhões, o que representou crescimento de 7,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Saba afirma que irá aguardar para fazer a oferta do consignado privado, o qual considera um bom produto. “Estamos deixando os sistemas do banco prontos e aguardamos nossa homologação para operar o produto”, disse. Mas, acrescenta, há deficiências no produto que estão sendo endereçados pela Febraban e pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e “vamos aguardar”.
A diversificação em funding também foi citada pelo executivo, junto a bancos de fomento no exterior, letras financeiras e depósitos. Segundo Saba, o banco tem baixa dependência das plataformas de investimento para captar recursos. “Criamos nossa própria plataforma, o Daycoval Invest,”, diz. Um Certificado de Depósitos Bancários (CDB) de liquidez diária pode chegar a ser ofertado a 105% do CDI. A plataforma é de arquitetura aberta, no entanto, com mais de 200 opções de investimento além dos ativos do próprio banco.
Autor do texto: Cynthia Decloedt, Broadcast
