Em meados de 2024, o Banco Central iniciou um novo ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic. Portanto, as principais perguntas são: até quando e até que patamar o Banco Central continuará elevando a Selic? E, no futuro, quando a Selic voltará a cair?
Confira a análise do nosso economista-chefe, Rafael Cardoso.
Após a redução da taxa SELIC de 13,75% para 10,50%, o Banco Central voltou a elevá-la e sinalizou que o ciclo de alta deve prosseguir. A principal razão para a reversão do ciclo de queda por parte do BCB está relacionada à atividade econômica mais forte do que o esperado.
Este é um argumento válido. Ao final de 2023, a expectativa mediana para o crescimento do PIB em 2024 era de 1,5%, entretanto, o PIB deverá crescer próximo a 3% este ano. Acreditamos que esse crescimento acima do esperado foi impulsionado, em grande parte, pelo aumento dos gastos públicos e pelos pagamentos de precatórios.
No curto prazo, o dinamismo econômico continua. Os dados do terceiro trimestre, por exemplo, ainda sugerem um crescimento vigoroso, o que justifica, em nossa opinião, a continuidade da alta da taxa de juros até janeiro do próximo ano, alcançando 12% ou um pouco mais.
Taxa Selic em 2025
Entretanto, para 2025, os impulsos à atividade econômica não devem se repetir, o que, por si só, deverá reduzir significativamente o ímpeto econômico ao longo do ano. A postura mais dura do Banco Central, com a elevação da SELIC, também contribuirá para a desaceleração à frente. Além disso, a maior taxa de juros interna, em meio à redução das taxas internacionais, deve resultar em apreciação da taxa de câmbio, o que ajuda a controlar a inflação, especialmente nos bens importados.
Dessa forma, acreditamos que os dados econômicos do início do ano justificarão o fim do ciclo de alta. Portanto, a resposta para as duas primeiras perguntas é: a SELIC deve chegar a 12% ou um pouco mais no primeiro trimestre de 2025.
Já a resposta para a terceira pergunta é mais incerta. Além da desaceleração da atividade econômica e de uma inflação mais controlada devido à apreciação cambial, parece-nos que o próximo ciclo de queda da taxa de juros dependerá também da reancoragem das expectativas de inflação. Em outras palavras, será necessário que o BCB consiga convencer o mercado de que a inflação futura tenderá à meta.
Além da atuação do BCB, a reancoragem depende da percepção sobre a sustentabilidade das contas públicas. Atualmente, a incerteza em torno do cumprimento do arcabouço fiscal é evidente, mas acreditamos que, com o tempo, o governo tomará as medidas necessárias para cumprir o arcabouço e alcançar as metas fiscais.
Se estivermos corretos e, até o segundo semestre de 2025, o governo demonstrar compromisso com as metas fiscais e o arcabouço, vemos espaço para uma queda da taxa de juros para algo próximo a 11% ao final de 2025.
Acreditamos que esse cenário tem bons fundamentos e, portanto, uma boa probabilidade de se concretizar, mas reconhecemos que a incerteza é elevada.