Tarifas de Trump e inflação no Brasil: o que esperar para os próximos meses?

Tempo de leitura: 3 minutos

O primeiro trimestre do ano foi marcado pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e seus impactos no cenário econômico global. Entre os principais fatores de atenção estão as novas tarifas sobre importações americanas, que seguem sendo implementadas de forma não linear, gerando incertezas no mercado. O economista-chefe do banco Daycoval, Rafael Cardoso, compartilha sua análise sobre como essas mudanças podem afetar a inflação e a atividade econômica no Brasil.

O impacto das tarifas e a incerteza global

As tarifas impostas pelo governo Trump têm um viés inflacionário e recessivo. Contudo, é difícil mensurar o impacto exato dessas medidas, já que muitas delas ainda estão sujeitas a alterações, retaliações e renegociações. Como resultado, os índices de incerteza econômica dispararam. O indicador de incerteza de política econômica (EPU) atingiu um dos patamares mais altos da história, ficando atrás apenas do período pandêmico.

Essa incerteza elevada pode levar a uma piora na atividade econômica global, o que geralmente teria um efeito desinflacionário. No entanto, a perspectiva de novos aumentos de tarifas pode impactar a inflação, com agentes econômicos antecipando reajustes de preços. Pesquisas da Universidade de Michigan e do Conference Board já indicam que as expectativas inflacionárias nos Estados Unidos estão em alta, aumentando a pressão sobre os mercados.

A resiliência da economia e o papel do FED

Apesar da incerteza, os dados da atividade econômica seguem robustos. O mercado de trabalho nos EUA continua resiliente, embora haja sinais de arrefecimento marginal. O Federal Reserve (FED) revisou para cima suas projeções de inflação e reduziu as expectativas de crescimento do PIB, mas optou por manter a taxa de juros inalterada.

Em nossa avaliação, não havia e ainda não há urgência para uma nova queda da taxa de juros. O atual nível de incerteza exige que a política monetária seja ainda mais dependente dos dados observados. Embora o cenário base preveja dois cortes na taxa de juros ao longo do ano, não está descartada a possibilidade de o FED manter os juros inalterados, caso a atividade econômica desacelere menos do que o esperado.

Inflação no Brasil

No Brasil, a meta de inflação de 3% segue como um desafio para o Banco Central. Após sucessivas elevações da taxa Selic nos últimos meses, o BC sinalizou uma redução no ritmo de altas futuras. Essa decisão reflete uma menor percepção de risco no mercado, impactando positivamente a taxa de câmbio, além de indícios de desaceleração da atividade econômica.

Apesar disso, fatores como o bom desempenho do agronegócio no início do ano e os impactos da depreciação cambial ainda sustentam a continuidade do ciclo de aperto monetário nas próximas duas reuniões do BC. Para o segundo semestre, o cenário pode mudar. Em nossa visão, além da próxima reunião, o Banco Central deve realizar mais uma elevação da taxa Selic em junho, levando-a para 15,25%.

Conclusão

A economia global está em um momento de alta incerteza, impulsionada pelas novas tarifas dos EUA e seus efeitos sobre a inflação. No Brasil, a busca pelo controle inflacionário continua desafiadora, mas o Banco Central tem sinalizado uma abordagem cautelosa. Os próximos meses serão cruciais para entender o impacto total dessas medidas e suas consequências para os mercados globais e a economia brasileira.

Fique atento às próximas atualizações e acompanhe nossas análises para entender melhor os rumos da economia mundial. Saiba mais no relatório mensal, clicando aqui.

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