Aqui no Blog do Daycoval, toda segunda-feira, você acompanha os principais acontecimentos do mercado financeiro previstos para a semana e os comentários do nosso analista de investimentos Gabriel Mollo. Confira:
Trump dobra tarifas sobre aço e alumínio
A semana começa com dois eventos de grande impacto: a decisão do presidente Donald Trump de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio, de 25% para 50%, com vigência a partir de quarta-feira (4); e a mudança na perspectiva do rating soberano do Brasil pela Moody’s, de positiva para estável — o que praticamente sepulta as chances de o país recuperar o grau de investimento no curto prazo. A medida anunciada por Trump impulsionou os ADRs da Gerdau no after hours, dado o peso da América do Norte no faturamento da empresa, mas representa um risco para outras siderúrgicas brasileiras.
Debates sobre aumento no IOF
No Brasil, a tensão política gira em torno do decreto que altera o IOF sobre o risco sacado, elevando a alíquota máxima de 1,88% para 3,95% ao ano. O presidente da Câmara, Hugo Motta, pediu a suspensão imediata da medida, antes mesmo do fim do prazo dado à equipe econômica. Em discurso no Congresso Nacional do PSB, o presidente Lula buscou reduzir o desgaste com o Legislativo, pregando diálogo e elogiando o comportamento de Motta. A resistência do Congresso à medida se intensifica em meio ao aumento das incertezas fiscais, com o governo temendo perder apoio para outras pautas relevantes, como a revisão de benefícios tributários.
Mudança no rating do Brasil pela Moody’s
A revisão da Moody’s destacou a deterioração da capacidade de pagamento da dívida e a lentidão no controle dos gastos públicos, apesar de alguns esforços pontuais do governo. A agência projeta que a dívida deve se estabilizar em 88% do PIB — acima dos 82% estimados anteriormente — com os juros elevados pesando significativamente sobre as contas públicas. Internamente, a equipe econômica vê na decisão da agência uma oportunidade para reforçar a pressão sobre o Congresso a fim de aprovar medidas fiscais estruturantes, como o fim parcial da desoneração da folha e a MP do crédito presumido.
Dados econômicos nos EUA
No cenário internacional, além da questão das tarifas, a semana será marcada por dados econômicos relevantes nos Estados Unidos. A agenda começa na terça-feira com a divulgação do relatório JOLTS sobre vagas abertas; segue na quarta com o Livro Bege, que pode trazer indícios dos primeiros impactos das novas tarifas sobre a economia americana; continua na quinta com a pesquisa ADP sobre a criação de empregos no setor privado; e culmina na sexta-feira com o payroll de maio. A depender dos resultados, esses indicadores podem influenciar as expectativas sobre o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve — embora um enfraquecimento mais acentuado do mercado de trabalho ainda seja necessário para alterar o tom cauteloso adotado pelo banco central.
