Com a chegada de junho, o mercado financeiro segue atento aos movimentos que podem impactar o dólar nas próximas semanas. Entre os principais fatores de atenção estão o novo aumento do IOF, a decisão do Banco Central sobre a Selic e a tensão envolvendo as tarifas dos Estados Unidos contra a União Europeia.
Para entender melhor esse cenário e ajudar você a tomar decisões mais assertivas, conversamos com Otávio Oliveira, Gerente de Tesouraria do Banco Daycoval, que compartilhou uma análise detalhada sobre as expectativas para o câmbio neste mês.
“Estamos vivendo um momento em que o câmbio reage tanto às incertezas externas quanto às medidas domésticas. Por isso, é essencial acompanhar de perto o noticiário e manter a carteira diversificada”, explica Otávio.
Quer ver a análise completa? Assista ao vídeo com Otávio Oliveira no canal do Banco Daycoval:
Sumário
ToggleCenário internacional: juros nos EUA e tarifas sobem o tom
O comportamento do dólar costuma estar intimamente ligado às decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Em sua última reunião, o Fed optou por manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% — o que representa a terceira decisão consecutiva sem alterações.
A manutenção da taxa reforça o compromisso do Fed com o controle da inflação, mesmo sob pressão política. E isso influencia diretamente os mercados emergentes, como o Brasil.
Juros elevados nos EUA tornam os títulos do Tesouro americano (as famosas treasuries) mais atrativos, o que pode reduzir o fluxo de investimentos para economias em desenvolvimento, pressionando o real e favorecendo a valorização do dólar por aqui.
Outro ponto de atenção é a política comercial do governo americano. O presidente dos EUA anunciou novas tarifas de até 50% sobre produtos da União Europeia, com previsão de aplicação para junho. Ainda que a medida esteja sendo negociada, a instabilidade pesa nas expectativas dos investidores.
Há uma tensão comercial no ar. Essas medidas podem ser parte de uma estratégia de negociação, mas o simples fato de existirem já traz volatilidade aos mercados.
Brasil: Selic no foco do mercado
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, em maio, elevar a taxa Selic para 14,75% ao ano. A decisão já era amplamente esperada, mas o que chamou atenção foi o comunicado do Banco Central, que não descartou a possibilidade de novas altas.
O BC adotou um tom firme, sinalizando que os juros podem continuar altos por mais tempo do que o mercado esperava. Isso afeta diretamente o comportamento dos investidores e a taxa de câmbio.
Juros mais altos no Brasil costumam atrair capital estrangeiro, valorizando o real. No entanto, esse movimento também depende da percepção de risco fiscal e das expectativas em relação à política econômica.
Aumento do IOF: impacto no câmbio e no crédito
A principal surpresa de maio foi a edição de um novo decreto que aumenta a alíquota do IOF para diversas operações. As mudanças impactam diretamente o custo das transações com moeda estrangeira, remessas internacionais e até o crédito para empresas.
O governo optou por elevar a alíquota do IOF cambial para patamares de até 3,5%, abrangendo transações como:
- Compras com cartões internacionais;
- Remessas ao exterior;
- Compra de moeda estrangeira em espécie;
- Operações de câmbio para fundos de investimento (posteriormente revistas).
O aumento do IOF foi um fator que trouxe incerteza no curto prazo. Ainda que o governo tenha voltado atrás em alguns pontos, como no caso de fundos, o impacto imediato no mercado foi real.
O dólar em junho: volatilidade deve continuar
Diante de todos esses fatores, o cenário para o dólar em junho deve ser de volatilidade e cautela. A combinação de:
- Pressão externa por conta das tarifas americanas;
- Manutenção dos juros nos EUA;
- Alta da Selic no Brasil;
- E o aumento do IOF,
faz com que a moeda americana siga oscilando conforme novas informações surjam no radar.
Tudo indica que teremos um câmbio sensível às notícias. Qualquer avanço nas negociações comerciais ou uma nova sinalização do Fed pode mudar a direção do dólar em questão de horas.
Como isso impacta seus investimentos?
Para o investidor, entender o que move o dólar é crucial. A variação da moeda influencia:
- Investimentos internacionais;
- Fundos cambiais;
- Importações e exportações;
- Planejamento de viagens e envio de dinheiro para fora.
Por isso, o momento exige planejamento, análise e diversificação. Não se trata de prever o dólar com precisão, mas de se proteger das oscilações. Produtos atrelados ao câmbio e uma carteira diversificada ajudam a mitigar os riscos.
Conclusão: fique atento aos próximos capítulos
Junho começa com um cenário complexo para o câmbio. Embora o dólar tenha mostrado certa estabilidade nas últimas semanas, os riscos permanecem no radar.
A postura do Fed, os desdobramentos da política tarifária dos EUA, a manutenção da Selic em patamares elevados e a repercussão do novo IOF vão seguir moldando as expectativas para o dólar.
O investidor deve olhar para o todo. Mais do que tentar acertar a cotação, o foco deve ser proteger o patrimônio e buscar boas oportunidades alinhadas ao seu perfil.