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Virada dos fundos multimercado? Entenda o cenário

Os fundos multimercado enfrentaram desafios significativos em 2023 e no primeiro semestre de 2024, com resgates expressivos e uma performance abaixo do CDI.

No entanto, há sinais de que essa realidade pode estar mudando. Alguns fundos dessa categoria vêm apresentando boa recuperação nos últimos meses. 

Agora, muitos se perguntam se ainda vale a pena investir nessa classe de ativos.

Neste artigo, com as informações do especialista de investimentos Pedro Assumpção, vamos analisar o cenário atual dos fundos multimercado, discutir os motivos por trás da recente baixa rentabilidade e destacar as gestoras que conseguiram se destacar mesmo em tempos difíceis. Boa leitura!

Cenário atual dos fundos multimercado

A indústria de fundos multimercado no Brasil tem enfrentado desafios significativos, evidenciados pelos resgates contínuos ao longo do ano passado e deste ano.

Somente no ano de 2024, os fundos multimercado já tiveram saída líquida de 135 bilhões de reais, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Esse movimento não surpreende, dado que a rentabilidade da maioria dos fundos multimercado macro tem decepcionado.

Em contraste, a classe de renda fixa vem apresentando resultados expressivos, impulsionados pela Selic em um patamar elevado.

Para ter uma ideia desse resultado negativo, se usarmos o Índice de Hedge Funds da Anbima como proxy de rentabilidade, o mesmo apresenta retornos abaixo do CDI em janelas de 12,24 e 36 meses.

Pedro Assumpção, especialista de investimentos

De acordo com Pedro Assumpção, muito se discute que o principal fator por trás da baixa performance dos fundos multimercado seria a falta de clareza no cenário macroeconômico dos últimos anos.

Após o período conturbado causado pela Covid-19, cada economia buscou suas maneiras de se recuperar dessa crise, resultando em mudanças estruturais, inclusive com uma percepção de que os juros neutros agora se encontram em patamares mais elevados para manter a economia em pleno emprego sem gerar uma inflação descontrolada”, explica Assumpção.

Diante desse cenário, os gestores ficam suscetíveis a erros em suas expectativas para os juros e, consequentemente, para outras classes de ativos.

Essas divergências acabam impactando negativamente o desempenho dos fundos e dificulta, a obtenção de resultados satisfatórios.

Armor Capital: boa performance em fundo multimercado

Poucas são as casas de multimercado macro que vem conseguindo performar nesse cenário tão desafiador.

Um desses exemplos é a Armor Capital. A gestora conseguiu obter bons resultados ao lucrar com posições vendidas na bolsa brasileira e compradas na bolsa americana no primeiro semestre do ano, conforme explica Marcos Toledo, Relações com Investidores (RI) da Asset.

“No ano de 2024, até julho, o fundo Armor Axe obteve um retorno de 11,22%. As principais contribuições para o desempenho do ano foram provenientes de renda variável (+8,59%), sendo exposições compradas em bolsa americana e vendidas em bolsa local no primeiro semestre e vendidas na bolsa americana e compradas em bolsa brasileira no começo do segundo semestre.

Além de posições em moedas (+0,67%) – com posições táticas em Real e Peso Mexicano contra moedas que apresentam um carrego negativo, principalmente Iene. Ademais, as posições em caixa (+3,57%), renda fixa local (+0,89%), tanto em títulos bancários quanto em estratégias compradas em NTN-B com hedge parcial, e renda fixa global (+0,62%) também contribuíram positivamente para a performance”, declara Toledo.

Vale a pena investir em fundos multimercado?

A questão que surge é: mesmo com rentabilidades tão abaixo do CDI em janelas temporais recentes, ainda vale a pena investir nessa classe de ativo?

Primeiramente, é importante ressaltar que esses fundos são indicados para investimentos de longo prazo, com um horizonte de pelo menos três anos.

Nesse período, muitos desses fundos conseguiram entregar resultados bem acima do CDI.

Além disso, esses fundos multimercado têm a capacidade de alocar recursos em diversos ativos e geografias que, de forma individual, o investidor não conseguiria acessar.

Isso proporciona uma descorrelação com outros ativos mais comuns no mercado brasileiro, o que é fundamental para a construção de um portfólio bem equilibrado.

Recuperação em julho e agosto

Apesar das janelas de rentabilidade negativa, estamos observando uma recuperação recente desses fundos, com os gestores apresentando bons desempenhos no mês passado (julho) e neste mês.

Um exemplo é a Gap Asset, que, embora não tenha performado bem na janela de 12 meses, está se recuperando.

Flávia Gullo, Relações com Investidores (RI) da Gap Asset, destaca os principais fatores que contribuíram para a performance recente e como a gestora está posicionada para capturar ganhos ao longo de 2024.

Nos últimos dois meses, as principais contribuições positivas vieram do book de juros, tanto local quanto offshore (Estados Unidos e Reino Unido). Além disso, posições relativas na bolsa brasileira também contribuíram para o resultado positivo. Por outro lado, posições compradas no Real contra o Dólar, posições compradas em mineradoras de urânio e posições táticas vendidas em bolsas internacionais foram detratoras de performance.

Continuamos com posições aplicadas em juros, distribuídas em Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. O cenário de corte de juros nos países desenvolvidos parece bastante encaixado, com dados de inflação mais fracos na margem e atividade começando a surpreender para baixo (principalmente nos Estados Unidos).

No Brasil, continuamos vendo os prêmios da curva como excessivos e estamos mantendo posições aplicadas em juros nominais e, principalmente, reais. Enxergamos a Selic atual como restritiva, mesmo diante da desvalorização cambial recente. Também temos uma posição pequena comprada no BRL e em bolsa (carteira versus índice). Por fim, seguimos carregando uma posição comprada em mineradoras de urânio,”

Assim como a Gap, o Fundo Novus Macro FIC FIM, da gestora carioca Novus, também não apresentou bons resultados ao longo de 2023 e na primeira metade de 2024.

No entanto, o fundo mostrou uma recuperação interessante nos meses de junho, julho e agosto. Mariana Campista, Relações com Investidores (RI) da Novus Capital, comentou sobre a visão da gestora no início do ano e as principais posições adotadas para enfrentar o cenário desafiador.

“A expectativa de avanço do processo de flexibilização monetária ao redor do mundo e a provável implicação de melhora do desempenho dos ativos de risco foi frustrada ao longo dos primeiros meses de 2024, diante das surpresas altistas de inflação nos EUA.

A principal tese do Novus Macro estava focada no mercado internacional, com posições aplicadas nos EUA, na Europa, no Reino Unido e no México, além de compra de steepening da curva americana – de onde veio a maior detração de performance do 1º semestre.

No Brasil, a alocação em renda fixa não trouxe contribuições relevantes, com as principais posições sendo compra de NTN-B e venda de inflação implícita. Em renda variável, atuamos de forma mais tática, com perdas em carteira de ações.

De junho em diante, o fundo está entregando um resultado acima de 200% do CDI, e segue buscando recuperar a performance do ano.

Os dados de inflação demonstraram cumulativas melhoras, deixando as autoridades monetárias mais confortáveis para o avanço do ciclo de queda de juros. Os dados de emprego seguiram sinalizando normalização do mercado de trabalho americano, com uma das leituras elevando inclusive o receio de recessão econômica – posteriormente aliviado por dados melhores de atividade.

Com isso, as teses, mais focadas nos EUA e no Reino Unido foram as maiores contribuições positivas. Em renda variável, ao longo desse período, as maiores contribuições vieram de posições nos índices americanos (S&P500, Nasdaq e Russell2000), na maior parte do tempo vendidas.

No Brasil, passado um período marcado por turbulências entre o poder executivo e a autoridade monetária, a postura correta do BCB, se mostrando disposto a elevar os juros diante do contexto de piora das expectativas e do câmbio, somada a algumas sinalizações fiscais mais positivas, melhoraram o cenário local. Os ganhos no Brasil vieram majoritariamente de compra de índice e carteira de ações.”

O que esperar?

Nós, do Daycoval, esperamos que a performance doa fundos multimercado melhore no segundo semestre, à medida que o cenário macroeconômico se torne mais claro, especialmente com a flexibilização das políticas monetárias nas principais economias do mundo.

Portanto, acreditamos que este seja um bom momento para investir nessa classe de ativos, embora compreendamos que a performance recente possa fazer com que os investidores adotem uma postura mais cautelosa.

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