Se você pesquisar o País do Gales na Internet vai encontrar muitas fotos de castelos. É que esse país, a oeste da ilha da Grã Bretanha, guarda a maior concentração de castelos medievais da Europa. São 640 no total, espalhados por uma área equivalente ao estado do Paraná
Um deles, porém, não foi contabilizado e muito menos fotografado, pois existe apenas no imaginário do povo galês. Teria sido habitado pelo lendário Rei Arthur, que com sua espada Excalibur e os encantamentos do mago Merlin, ajudou a criar um reino cristão e a ideia de nação do País de Gales, ou Wales, seu nome em inglês.
A Terra dos Castelos, como foi apelidado o país, pode ser atravessado, de uma ponta a outra, em apenas quatro horas de carro, contornando campos com rebanhos de ovelha e as paisagens de três parques nacionais que
ocupam um quarto do território. Se você avistar alguma placa onde se lê Croeso i Gymru, que significa no idioma local, o Welsh, “Bem-vindo ao País de Gales”, pode ir entrando sem fazer cerimônia.
O povo galês é simpático e sabe receber os visitantes. Os galeses, em geral, têm o olhar desarmado e uma vibe sossegada. Os ânimos ali só se alteram em dia de jogo de rugby, o esporte mais popular, quando os pubs lotam de torcedores. E não há nada melhor para eles do que ver a seleção nacional bater a arquirrival Inglaterra. Vizinhos são assim mesmo, adoram competir.
Viajar pelo País de Gales é um imenso prazer, seja pela costa, com praias emolduradas por dramáticas falésias, ou pelas montanhas do interior. Sempre há um vilarejo encantador escondido atrás do próximo morro, com ruas estreitas e algum castelo em ruínas no topo, tal como um cenário de conto de fadas medieval. Mesmo a capital Cardiff, a maior cidade de Gales, não ostenta mais do que 300 mil habitantes. Pode não ter a mesma opulência de outras capitais europeias, mas é um complemento perfeito de uma viagem a Londres, por exemplo, já que fica a apenas duas horas de
trem da capital inglesa.
Embora seja uma das capitais mais jovens da Europa – foi escolhida capital nacional só em 1955 – Cardiff tem uma história que remete aos romanos ali chegados no ano 55 d.C. Plantada às margens do Canal de Bristol, um
braço de mar conectado ao Atlântico, no extremo sul de Gales, a cidade cresceu em função do porto, que no século 19, era um dos maiores da Europa.
Hoje, a região das docas, batizada de Cardiff Bay, é um alegre calçadão com bares, restaurantes e prédios de luxo. O Millenium Centre é a construção que mais se destaca nessa área, com paredes espelhadas e o teto cor de bronze. É a principal casa de espetáculos e sede da Welsh National Opera. Vale a pena conferir a programação no site wmc.org.uk.
Cardiff é uma das poucas cidades galesas que se contrapõem com o lado bucólico do país. Tem uma vida noturna bastante agitada, favorecida
pelo entusiasmo de dez mil estudantes universitários. Há sempre um bom lugar para sair à noite e ver gente bonita seja qual for o dia da semana. A St.Mary Street, no centro, é o endereço dos pubs mais conhecidos e animados. No bairro universitário de Cathays também há muitos bares e restaurantes com música ao vivo. Por ser pequena e compacta, Cardiff é fácil de ser explorada. Com exceção da Cardiff Bay, que fica a cinco minutos de carro do centro, nada fica mais longe do que uma rápida caminhada.
Os pontos chave ainda são interligados por calçadões de compras para pedestres. Num raio de um quilômetro estão as três principais atrações: o Cardiff Castle, o National Museum e o Principality Stadium.
O Cardiff Castle, no coração da cidade, é um dos mais bem preservados castelos do Reino Unido. Foi erguido no mesmo local da primitiva fortificação romana. Recebeu acréscimos de muralhas construídas pelos Normandos no século 11 até ganhar sua definitiva estrutura arquitetônica no final do século 18, quando o Marquês John Patrick Stuart gastou uma grana preta para reformar o interior do castelo, com direito até a paredes folheadas a ouro nos quartos.
Bem ao lado está o Principality Stadium, um gigantesco estádio construído em 1999, com teto retrátil e capacidade para 74 mil pessoas. É possível conhecer o estádio por dentro em tours guiados que levam aos vestiários e
até à beira do gramado. O estádio já foi palco de shows de Madonna, Red Hot Chilli Peppers, U2 e Rolling Stones.
A poucos passos dali, por sua vez, fica o National Museum, instalado em um prédio de estilo francês renascentista. A coleção permanente inclui pinturas impressionistas de Renoir, Monet e Cézanne. É um dos maiores
acervos desse estilo fora da França. A entrada é gratuita, assim como todos os museus públicos de Gales.
COSTA DE GALES E O CURIOSO COASTEERING
Ainda que pouco visitado, o litoral sul do País de Gales tem paisagens espetaculares marcadas por praias emolduradas por falésias rochosas. É assim na costa do Parque Nacional de Pembrokeshire, cuja porta de entrada é a cidade de St. David’s, a 160 km de Cardiff. Foi lá que nasceu o coasteering, um curioso esporte que se espalhou pelo país. Consiste em
escalar as pedras dos costões e, vestindo capacete e roupa de neoprene, se jogar no mar a uns bons metros de altura. Apesar de radical, é
realizado com segurança, com passeios organizados por agências especializadas. Crianças a partir de oito anos podem praticar.
O mar também brilha encantador na Península de Gower, onde está a mais bela coleção de praias do País de Gales, com falésias escarpadas, boas ondas para surfe e muitas trilhas para caminhadas cênicas à beira-mar. São cerca de 25 km de litoral, que tem início a apenas 8 km a oeste da cidade de Swansea, a segunda maior de Gales. Nesse trecho, há mais de 20
praias, como Rhossili Bay, Three Cliffs Bay, Caswell Bay e Oxwich Bay. A maioria das praias possui vilarejos com opções de hospedagem em pequenos hotéis e bed & breakfast (pousadas) que oferecem conforto e boa localização para quem pretende conhecer a região.
Nos arredores da capital
Nas proximidades de Cardiff, há outros pontos interessantes. É o caso do St. Fagans National Museum, que é uma espécie de vila cenográfica com casas, ruas, igrejas, mercadinho, padaria, posto de correio, escola e até fazenda. Ela simula uma pequena vila galesa do passado e recria os moldes da vida de antigamente. Mas nada é fake, as construções são centenárias, foram retiradas pedra por pedra do local de origem e remontadas no local. Na padaria, por exemplo, as funcionárias batem a massa e fazem um pãozinho quentinho da mesma forma feita há muitas gerações. Ao todo são 58 construções remontadas, que revivem o cotidiano do país desde 1530.
Rumo ao norte, o Castelo de Caerphilly, a 10 km de Cardiff, é um dos cartões-postais mais conhecidos de Gales. Foi construído em 1268
bem no meio de um lago. Não é habitado há quase 500 anos, mas preserva as altas muralhas e o orgulho galês no dragão vermelho estampado na bandeira nacional ali asteada. Nos finais de semana, os moradores fazem dos gramados ao redor um verdadeiro parque destinado ao namoro, ao picnic e bate-bola com os filhos.
Amantes de um bom uísque adoram conhecer a Destilaria Penderyn, na cidade de Pontpren, a 48 km de Cardiff, famosa por produzir um uísque de tão boa qualidade quanto os escoceses. Gales, aliás, tinha tradição na produção da bebida mas as destilarias não resistiram à forte concorrência escocesa e muitas fecharam as portas. A Penderyn oferece passeios para os visitantes, que incluem aula sobre a produção do uísque e degustações.
Brecon Beacons National Park
Alguns dos cenários mais espetaculares de Gales estão a uma hora de carro ao norte de Cardiff, no Parque Nacional Brecon Beacons, região de montanhas e vales salpicados de cachoeiras que são um campo aberto para o ecoturismo. Há centenas de trilhas, algumas indicadas para caminhadas tranquilas e outras que exigem fôlego nas subidas e até escaladas vigorosas na companhia de guias.
Uma das portas de entrada da região é o vilarejo medieval de Brecon, fundado em 1093. Tem apenas oito mil habitantes, um castelo em ruínas, ruas estreitas, casas de pedras e muita paz. Montanhas verdejantes fazem a moldura natural e de qualquer ponto é fácil ver os rebanhos de ovelhas pastando nas encostas. Assim são quase todas as cidades pelo interior de Gales.
Além das caminhadas, outra forma de conhecer a região é embarcar no Brecon Mountain Railway, uma nostálgica maria-fumaça, com vagões de madeira, que era usada nos tempos da mineração de ferro no século 19. O trenzinho apita e chacoalha por um percurso de cerca de 40 minutos, que passa diante de lindos cenários do Parque Nacional de Brecon Beacons.
O passeio é tranquilo, bucólico e, por conta da proximidade com Cardiff, pode ser feito até em um tour do tipo bate e volta.
Se você fizer isso, na volta à capital, lembre de parar na cidade de Raglan para visitar seu belo castelo. Será mais um entre os vários castelos que você verá durante a viagem. Mas nenhum deles é igual ao outro e diante de cada um sempre surge a dúvida se não seria, afinal, aquele o lendário castelo do Rei Artur.
O IDIOMA GALÊS
Um em cada quatro galeses falam o idioma Welsh. Nas placas de rua, no dinheiro, nas embalagens de qualquer produto no supermercado, tudo vem escrito em Inglês e também em Welsh, que significa “língua do céu”. É uma
das mais antigas da Europa e a mais popular dos idiomas de origem Celta falados atualmente. Tornou-se também a principal fonte do orgulho e da identidade nacional. A pronúncia lembra vagamente o alemão, com sons guturais e muitas consoantes emendadas. A palavra mais complicada para se dizer em Welsh, com toda certeza, é o nome da cidade de Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch. Difícil até para quem fala Welsh já que são 58 letras: é o maior nome de cidade do
mundo, inclusive registrado no Guinness Book. Na tradução quer dizer: Igreja de Santa Maria do Pau Branco perto do desvio da Igreja de São Tisílio na gruta vermelha.
QUANDO IR
De maio a setembro é a melhor época para conhecer o País de Gales. Faz calor e os dias são bem longos. Só começa a entardecer depois das 22h. Julho e agosto é a alta temporada, pois coincide com o período de férias escolares na Europa. O período de chuva e frio vai de outubro a janeiro, quando os dias se tornam mais curtos e, apesar da possibilidade de neve, algumas atrações estão fechadas por ser baixa temporada.
Qual é a moeda do País de Gales?
Assim como em outros países do Reino Unido, a moeda em circulação no País de Gales é a Libre Esterlina, uma das moedas mais fortes do mundo.
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