Dívida pública brasileira: entenda o que é, por que ela cresce e como impacta seus investimentos

Tempo de leitura: 8 minutos
moedas empilhadas representando a dívida pública brasileira

A dívida pública brasileira está no centro das decisões que afetam os juros, os investimentos e até o valor do que você consome no dia a dia.

Quando ela aumenta, o país gasta mais para se financiar, o mercado reage com cautela e os investidores ajustam suas estratégias, o reflexo chega rápido no seu bolso.

A cada nova notícia sobre o crescimento da dívida, surgem dúvidas sobre o que exatamente é essa dívida, como ela se forma e como ela representa um risco para quem investe no Brasil?

Neste artigo, você vai entender o que é a dívida pública brasileira, como ela evoluiu ao longo dos anos, quem são seus credores e quais os impactos práticos para a economia e para quem deseja proteger seu patrimônio em tempos de incerteza. Boa leitura!

O que é dívida pública?

A dívida pública é o total de recursos que o governo toma emprestado para financiar seus gastos gerais.

Isso acontece quando o que o país arrecada com impostos não é suficiente para cobrir todas as despesas públicas, como saúde, educação, segurança, previdência e investimentos em infraestrutura.

Em vez de cortar gastos (ou aumentar impostos), o governo emite títulos públicos e os vende no mercado. Esses títulos nada mais são do que promessas de pagamento com juros no futuro. É assim que se forma a dívida pública.

Ela pode ser dividida em:

●     Dívida interna: contraída em reais, dentro do país;

●     Dívida externa: contraída em moedas estrangeiras, com credores internacionais.

Em ambos os casos, trata-se de uma obrigação do governo, que precisa pagar os credores com juros e, eventualmente, refinanciar os vencimentos.

Qual o papel da dívida pública brasileira?

A dívida pública brasileira é usada para financiar o funcionamento do Estado, mesmo quando há déficit nas contas públicas.

Ela serve para:

●     Sustentar programas sociais e políticas públicas;

●     Financiar obras de infraestrutura;

●     Manter o funcionamento de serviços essenciais;

●     Equilibrar a política fiscal e monetária do país.

O problema não está exatamente em ter dívida, mas sim no ritmo de crescimento e na qualidade dos gastos que a geram.

Uma dívida pública saudável permite o desenvolvimento do país, enquanto uma dívida mal administrada mina a confiança do mercado e encarece o custo de financiamento para todos, inclusive empresas e pessoas físicas.

Histórico e evolução da dívida pública brasileira

A dívida pública brasileira já passou por momentos críticos e hoje está em patamares elevados em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Desde os anos 1990, o Brasil passou por transformações fiscais importantes. Com o Plano Real, criou-se uma âncora de controle da inflação, mas isso implicou em juros altos por muito tempo, e, consequentemente, aumento da dívida.

Nos anos 2000, com o crescimento da arrecadação e controle das despesas, a dívida pública caiu em proporção ao PIB. Mas a partir de 2014, com a recessão econômica, queda da arrecadação e aumento dos gastos públicos, a dívida voltou a subir com força.

A pandemia de Covid-19, a partir de 2020, trouxe gastos emergenciais e ampliou ainda mais o endividamento. Em 2023 e 2024, o país enfrentou dificuldades em aprovar medidas fiscais robustas, o que gerou preocupação sobre a sustentabilidade da dívida.

Atualmente, a dívida pública brasileira continua crescendo, e o desafio é equilibrar o orçamento sem comprometer o crescimento econômico.

Qual é a dívida pública brasileira atualmente?

Em junho de 2025, a dívida pública federal chegou a R$ 7,51 trilhões, enquanto a dívida líquida do setor público alcançou 62% do PIB.

Estoque

Segundo dados do Tesouro Nacional, o estoque da dívida pública federal, que considera apenas os títulos emitidos pelo governo federal, atingiu R$ 7,51 trilhões em março de 2025, um aumento de R$ 16 bilhões em relação ao mês anterior.

Esse aumento é resultado da emissão de novos títulos para rolar dívidas antigas e financiar os gastos do governo. A meta para o fim de 2025 é que o estoque da dívida fique entre R$ 7,8 e R$ 8,2 trilhões.

Composição da dívida

A maior parte da dívida pública brasileira é composta por títulos prefixados (com taxa fixa) e por títulos indexados à Selic ou à inflação (IPCA). A composição atual inclui:

●     Prefixados: cerca de 24% da dívida;

●     Indexados à Selic: 38%;

●     Indexados ao IPCA: 34%;

●     Câmbio: menos de 2% (dívida externa).

Esse mix busca equilibrar previsibilidade com flexibilidade. Porém, em períodos de juros altos, a proporção de dívida atrelada à Selic aumenta os custos de rolagem.

Juros

Os juros da dívida pública brasileira representam um dos maiores custos de manutenção do endividamento do país. A taxa básica de juros, a Selic, é o principal referencial para a remuneração dos títulos públicos emitidos pelo governo.

Em abril de 2025, a Selic estava em 10,25% ao ano, um patamar ainda elevado em relação ao observado em países com grau de investimento.

Essa taxa elevada tem dois efeitos principais sobre a dívida pública:

●     Aumenta o custo de rolagem da dívida: títulos atrelados à Selic (como LFTs) exigem maior desembolso do Tesouro;

●     Encarece novos financiamentos: quanto maior o risco percebido, maior a taxa exigida pelos credores.

O Brasil paga mais para se endividar porque carrega um histórico de desequilíbrios fiscais, baixa previsibilidade nas contas públicas e risco político elevado.

Isso reduz a confiança dos investidores e leva à exigência de prêmios maiores para quem compra títulos da dívida.

Além disso, os juros influenciam diretamente as decisões de política fiscal e monetária. Quando os juros são altos, o próprio governo destina boa parte do orçamento apenas para pagar os encargos da dívida, limitando sua capacidade de investir em áreas essenciais.

Prazos

O prazo médio da dívida pública brasileira gira em torno de 4 anos, mas essa média esconde oscilações relevantes dependendo do ambiente econômico e político.

Em momentos de maior estabilidade, o Tesouro consegue alongar os vencimentos, emitindo títulos com prazos mais longos e aumentando a previsibilidade da rolagem.

No entanto, em períodos de incerteza fiscal ou eleitoral, o mercado exige prazos mais curtos, com vencimento em poucos meses ou no máximo 1 a 2 anos.

Isso significa que o governo precisa refinanciar grandes volumes da dívida com frequência, o que aumenta a vulnerabilidade do país a choques de confiança.

Uma dívida de curto prazo também é mais sensível às variações da Selic. Se os juros subirem repentinamente, os custos da dívida aumentam rapidamente, pressionando ainda mais o orçamento da União.

Por esse motivo, o alongamento da dívida é uma das metas estratégicas do Tesouro Nacional, quanto mais espaçados forem os vencimentos, menor a chance de crises de liquidez no curto prazo.

Riscos

Os principais riscos da dívida pública incluem:

●     Risco de refinanciamento: dificuldade de rolar a dívida em condições razoáveis;

●     Risco fiscal: crescimento descontrolado da dívida em relação à arrecadação;

●     Risco de confiança: piora da percepção dos investidores, que exigem maiores retornos para financiar o governo.

Colchão da dívida pública (liquidez)

O colchão da dívida pública é uma reserva de liquidez mantida pelo Tesouro Nacional para garantir o pagamento dos títulos que vencem nos meses seguintes.

Funciona como uma espécie de “fundo de emergência do governo”, que assegura que ele continuará honrando seus compromissos mesmo que haja dificuldades temporárias de financiamento no mercado.

Em 2025, esse colchão está estimado em cerca de R$ 1 trilhão, valor suficiente para cobrir cerca de seis meses de vencimentos da dívida pública federal. Isso proporciona credibilidade e previsibilidade ao mercado, reduzindo o risco de calotes técnicos.

Além disso, o colchão serve como instrumento de gestão ativa da dívida. Com recursos em caixa, o Tesouro pode escolher os melhores momentos para emitir novos títulos, evitando períodos de estresse nos mercados e reduzindo o custo total da dívida.

A manutenção desse colchão exige equilíbrio, um valor muito alto imobiliza recursos públicos, já um valor muito baixo pode comprometer a confiança dos investidores.

Por isso, o governo define uma faixa mínima e máxima de segurança, ajustando conforme o cenário econômico.

Credores da dívida pública brasileira

Os principais credores da dívida pública brasileira são instituições financeiras, fundos de investimento e o próprio setor público.

Distribuição aproximada:

●     Instituições financeiras: 29%;

●     Fundos de investimento: 23%;

●     Fundos de pensão: 14%;

●     Investidores estrangeiros: 9%;

●     Governo (BC e Previdência): 15%;

●     Outros (pessoa física, seguradoras etc.): 10%.

Nos últimos anos, houve um crescimento expressivo da participação de pessoas físicas, impulsionado pela facilidade de acesso ao Tesouro Direto.

Impactos da dívida pública na economia

A dívida pública brasileira afeta diretamente os juros, a inflação, a confiança dos investidores e os rumos da política econômica.

Alguns dos impactos mais relevantes incluem:

●     Pressão sobre os juros: quanto maior a dívida, maior a exigência de retorno por parte dos credores, elevando a Selic;

●     Redução de investimentos públicos: parte significativa do orçamento é destinada ao pagamento de juros, em vez de ser investida em saúde, educação e infraestrutura;

●     Instabilidade econômica: aumento do risco país pode gerar fuga de capitais, desvalorização cambial e inflação;

●     Custo do crédito: empresas e consumidores também pagam mais caro para financiar projetos ou compras no varejo.

E claro, tudo isso influencia diretamente o comportamento dos investimentos.

Em períodos de desconfiança fiscal, investidores migram para ativos mais seguros e atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, fundos de inflação ou debêntures incentivadas. Já setores sensíveis à Selic, como varejo e construção civil, tendem a sofrer mais na bolsa de valores.

Como funciona a arrecadação para pagamento da dívida pública?

O pagamento da dívida pública brasileira é feito com recursos do Tesouro Nacional, vindos principalmente da arrecadação de impostos.

As principais fontes de arrecadação são:

●     Imposto de Renda (IR);

●     Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL);

●     Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

●     Contribuições como PIS e Cofins;

●     Impostos sobre consumo e serviços (ICMS, ISS).

Quando a arrecadação não é suficiente para cobrir despesas e pagar a dívida, o governo emite novos títulos, o que aumenta o estoque da dívida.

Esse ciclo se torna perigoso quando há desequilíbrio fiscal prolongado, com aumento da dívida sem crescimento proporcional da arrecadação ou corte de despesas.

Conclusão

A dívida pública brasileira interfere no quanto você paga de juros, no rendimento das suas aplicações financeiras e até nas chances do país crescer de forma sustentável.

Neste artigo você viu que:

●     A dívida pública é o reflexo dos gastos que superam a arrecadação do Estado;

●     Seu estoque já ultrapassa os R$ 7,5 trilhões e representa mais de 60% do PIB;

●     A composição da dívida, seus credores e os prazos de pagamento afetam o custo do financiamento público;

●     Os impactos se espalham por toda a economia, dos juros ao crédito, da inflação aos investimentos;

●     Investidores atentos conseguem adaptar suas carteiras conforme o cenário fiscal e aproveitar ativos com melhor proteção.

Se você quer construir uma estratégia de investimento sólida, blindada contra os impactos da instabilidade fiscal e alinhada aos seus objetivos, conte com o apoio de quem entende do assunto.

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