No fechamento do pregão de segunda-feira (19), o Ibovespa renovou a alta com ganho de 1,36%, aos 135,7 mil pontos – o maior nível já registrado pelo índice em um fechamento na história.
Em 12 meses, o índice acumula valorização de 17,6%, uma diferença percentual de 6,34% em relação ao CDI, que acumulou 11,26% no mesmo período.
Para quem investe em renda varável, entender a motivação do resultado positivo traz uma boa perspectiva sobre o que esperar da bolsa de agora em diante.
Neste artigo, o Analista de Research Gabriel Mollo (CNPI-T 6553) e a Especialista de investimentos Larissa Gomes, ambos do Banco Daycoval, trazem uma análise aprofundada do recorde atingido e das perspectivas futuras. Boa leitura!
Sumário
ToggleEntenda o contexto do recorde da bolsa
Se você investe na bolsa, deve se lembrar que o momento atual não lembra em nada a situação de dois meses atrás.
Em 17 de junho deste ano, o Ibov chegava ao mínimo do exercício: com 119,1 mil pontos, e acumulava um prejuízo de 11,21% em 2024.
Desde então, houve uma recuperação de mais de 14% e, com exceção da sexta, dia 16, o índice vem crescendo diariamente desde o dia 06, alcançando o novo recorde ontem.
Isso tudo se deu devido a uma soma de fatores. Nos EUA, a inflação não estava com sinais claros de arrefecimento, impedindo que o Federal Reserve (Fed) diminuísse as taxas dos fed funds, mantidas até hoje entre 5,25% e 5,5% ao ano, maior nível em mais de 20 anos, o que causava um grande receio do início de uma recessão.
“Isso faz com que haja uma migração de investimentos de renda variável para o Tesouro Americano por conta das taxas altas, impactando economias com risco mais alto, como o Brasil”, explica Larissa Gomes.
Entretanto, desde o meio de junho, o cenário americano vem mudando. O último índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), referente a julho, veio com uma alta de 0,2% – dentro do esperado pelo mercado.
Inflação nos EUA e investidores estrangeiros
Em 12 meses, a inflação americana desacelerou de 3,9% para 3,2%, o que alimenta as apostas de um primeiro corte de juros nos EUA na reunião do dia 18 de setembro. E esta perspectiva já começa a surtir efeito nos investidores estrangeiros.
Entre janeiro e junho, o fluxo de investimento estrangeiro na B3 tinha ficado negativo em todos os meses, com uma saída líquida de R$ 38,8 bilhões de capital estrangeiro.
Julho foi o primeiro mês positivo, em R$ 7,3 bilhões. Entre 1 e 15 de agosto, os aportes dos gringos superavam os resgates em R$ 4, bilhões.
Efeitos internos
Além disso, a temporada de resultados trouxe boas novas e fôlego nas negociações. O Bradesco (BBDC4) disparou 4,48%, com a recomendação elevada de neutro para compra pelo Goldman Sachs, que também subiu o preço-alvo para as ações PN do banco de R$ 14 para R$ 17,50, ou um potencial de alta de 17%.
Demais bancos foram na onda, com BB (BBAS3) subindo 2,68%, Itaú Unibanco (ITUB4) ganhando 0,60% e Santander (SANB11) avançando 1,69%.
“A alta também foi puxada na segunda-feira por Vale, com volume negociado de 1,65Bi e minério de ferro subindo”, complementa Larissa.
A bolsa vai subir mais?
De acordo com o analista CNPI Gabriel Mollo, a perspectiva é que o Ibovespa continue na tendência de alta, uma vez que o mercado precifica que em setembro devem começar os cortes de juros lá nos Estados Unidos.
Isso vai fazer com que grande parte do dinheiro alocado lá em renda fixa comece a princípio a migrar para renda variável e uma parte disso venha para mercados estrangeiros.
Esse movimento a gente já está vendo há alguns dias. Os investidores estrangeiros trazem de volta o capital e isso fez com que a bolsa subisse bastante e batesse um novo máximo histórico.
“Meu alvo para a bolsa ainda está em torno dos 150 mil pontos. Acredito que os cortes lá fora e um alinhamento entre o Banco Central e o Governo, com a entrada do Gabriel Galípolo na presidência do BACEN, devem fazer com que os riscos domésticos diminuam bastante”, afirma Mollo.
“Já é possível ver um alinhamento do presidente Lula com o Banco Central, sendo que ele era um crítico feroz da atitude do banco. Então acredito que nós temos uma tendência de alta”, complementa.
Alguns pontos que podem trazer problemas para essa perspectiva seria o Congresso, se ele fizer alguma pauta bomba ou algo do gênero. Lembrando que a situação fiscal do Brasil é delicada. O governo está fazendo um esforço para conseguir diminuir o déficit fiscal.
Então, se por ventura realmente ocorrer uma guerra entre o Irã e Israel, o barril do petróleo pode voltar a subir muito e trazer inflação de novo, freando os cortes de juros lá nos Estados Unidos e desmontando todo esse cenário.
“No geral, o cenário melhorou bastante e eu acredito que a bolsa tende a subir até o final do ano. Talvez, diante de uma sequência tão grande de pregões positivos, ele possa dar uma leve realizada, mas isso não vai descaracterizar essa tendência de alta no curto prazo”, reforça Mollo.
Conclusão
Em resumo, o recorde histórico do Ibovespa reflete um conjunto de fatores tanto internos quanto externos que contribuíram para o otimismo do mercado.
A desaceleração da inflação nos Estados Unidos e a perspectiva de cortes nas taxas de juros impulsionaram o retorno de investimentos estrangeiros ao Brasil, enquanto a valorização de ações de grandes bancos e empresas como Vale também colaborou para a alta do índice.
Embora existam riscos no horizonte, como a situação fiscal do Brasil e tensões geopolíticas, a tendência de alta parece se manter, com expectativas positivas para o desempenho da bolsa até o final do ano. Diante de qualquer cenário, a recomendação dos analistas sempre passa por diversificar a carteira e investir em empresas com bons fundamentos.
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