Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, comenta os próximos passos da política monetária brasileira e o que esperar da taxa Selic até 2026.
Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 15% ao ano. A decisão chamou a atenção do mercado, mas, mais relevante do que o aumento em si, foi a sinalização sobre o cenário prospectivo da política monetária brasileira.
Confira a análise completa:
Sumário
ToggleO fim do ciclo de alta da Selic
No comunicado da decisão e na ata divulgada nesta semana, o Banco Central indicou uma pausa no ciclo de alta de juros, aguardando os efeitos defasados das últimas elevações. No entanto, para o time de análise econômica do Banco Daycoval, não se trata apenas de uma pausa, mas sim do encerramento definitivo do ciclo de aperto monetário iniciado anteriormente.
A expectativa é que a Selic permaneça nesse patamar contracionista de 15% por um período prolongado. Segundo Rafael Cardoso, a projeção do banco é de que a taxa siga inalterada até pelo menos o primeiro trimestre de 2026.
Por que os juros continuam altos?
A manutenção de juros elevados se justifica por um cenário de atividade econômica ainda resiliente e inflação pressionada. Embora os efeitos do aperto monetário devam começar a aparecer com mais força nos próximos trimestres, o ambiente ainda exige cautela.
Com a desaceleração esperada da economia ao longo de 2025, o Daycoval acredita que haverá espaço, a partir do início de 2026, para uma flexibilização gradual da política monetária.
Projeção Selic: cortes à vista em 2026
Além da desaceleração econômica, outro fator importante entra em cena: a mudança do horizonte relevante de política monetária. A partir de 2026, esse horizonte será estendido do fim de 2026 para o terceiro trimestre de 2027. Nesse novo contexto, caso as projeções de inflação estejam próximas da meta, o Banco Central poderá iniciar um novo ciclo de cortes na Selic.
Para o fim de 2026, a projeção do Banco Daycoval é que a Selic chegue a 11,5% ao ano, em linha com um ambiente econômico mais favorável e com inflação sob controle.
Quais são os riscos desse cenário?
Apesar da expectativa positiva para 2026, alguns riscos seguem no radar. O principal deles é o fato de que as expectativas de inflação continuam desancoradas — ou seja, os agentes econômicos ainda não estão plenamente convencidos de que a inflação convergirá para a meta no horizonte adequado.
Caso a atividade econômica não esfrie como o esperado ou a inflação persista acima do desejado, o Banco Central poderá manter uma postura mais conservadora por mais tempo, adiando o início dos cortes de juros.
Conclusão
A taxa Selic atingiu 15% ao ano e, na visão do Banco Daycoval, o ciclo de alta chegou ao fim. No entanto, a taxa deve permanecer nesse nível até o início de 2026. A partir daí, com uma economia mais fraca e inflação mais controlada, o BC poderá iniciar um ciclo de flexibilização, com a Selic projetada em 11,5% no final de 2026.
Acompanhar esses movimentos é essencial para tomar decisões estratégicas de investimento. Fique atento aos próximos comunicados do Banco Central e, sempre que possível, conte com a análise do time econômico do Banco Daycoval para navegar com segurança nesse cenário.