No exterior, as bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta segunda-feira, em meio a temores de que o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) volte a apertar sua política monetária, embora tenha deixado seus juros básicos inalterados pelo décimo mês consecutivo no fim de semana.
Os índices futuros das bolsas de Nova York também operam em baixa, à medida que os juros dos Treasuries de mais longo prazo mantêm a tendência recente de alta com expectativas de recuperação econômica e possível aumento da inflação. Um avanço muito rápido do retorno dos Treasuries pode prejudicar empresas de forte crescimento que dependem de crédito barato e, ao mesmo tempo, diminui a atratividade das ações.
Na Europa, as bolsas também recuam, mas diminuíram as perdas após a divulgação do índice alemão Ifo de sentimento das empresas, que teve uma inesperada alta em fevereiro, a 92,4 pontos.
Sobre o Banco Central chinês, no fim de semana, o PBoC manteve seus juros de referência para empréstimos de curto e longo prazos em 3,85% e 4,65%, respectivamente, níveis em que se encontram desde abril do ano passado. Há especulação, porém, é que o BC chinês poderá elevar as taxas nos próximos meses à medida que a segunda maior economia do mundo continua se recuperando dos impactos da pandemia de covid-19.
Sobre os juros americanos, os mercados estão atentos aos Treasuries nas últimas semanas, principalmente após o juro da T-note de 10 anos atingir os maiores níveis em 12 meses, patamar que vem se mantendo.
Na agenda de eventos do dia, teremos nas próximas horas discursos da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, assim como falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
No Brasil, a troca no comando da Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro e ameaça de mais mudanças agitam os mercados nesta segunda-feira. Bolsonaro anunciou na sexta-feira que o general da reserva Joaquim Silva e Luna ocupará o lugar de Roberto Castello Branco, em meio à insatisfação com a política de preços da estatal.
Na agenda doméstica teremos os dados de inflação com o IPCA-15 e o IGP-M de fevereiro. Também conheceremos os dados de emprego de dezembro com a PNAD e os números da arrecadação federal de janeiro.
Para o IPCA-15, a ser divulgado na quarta-feira (24), esperamos alta de 0,52%, devido a maiores pressões em alimentos. Desta forma, o acumulado em 12 meses passará de 4,30% em janeiro para 4,61%.
Em relação ao IGP-M, conforme visto em publicações anteriores dos índices gerais de preço da FGV, esperamos alta de 2,50%, com foco, principalmente, nos preços ao produtor (IPA), causado por aumentos nos preços de commodities e bens intermediários.
Na seara política, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para destravar o auxílio emergencial (PEC Emergencial), segundo o presidente do Senado deve ser pautada na próxima quinta-feira.
Fonte: Broadcast, Bloomberg e FGV
Rafael G. Cardoso, economista-chefe
rafael.cardoso@bancodaycoval.com.br
Antônio Castro, analista econômico